domingo, 24 de fevereiro de 2013

Laboratório de livros


 A verdade é que, se há coisa que nunca muda em toda a história da humanidade, é esta: os adolescentes são parvos em todo o lado. Todos os senhores respeitáveis, já foram, numa dada altura ou noutra, adolescentes parvos.
 Eu por exemplo, sabia tudo aos 15 anos. Afinal de contas, toda a gente sabe tudo aos 15 anos. Só com o passar do tempo se vai descobrindo, com razoável sobressalto, que as certezas vão dando lugar às dúvidas… no fim acabamos por descobrir que não sabemos quase nada.
 Mas como já sou um pseudo adulto e continuo achar-me "chique-esperto", ultimamente tenho andado a pensar escrever um livro de auto- ajuda. Nutro sincero fascínio, pelos indivíduos que o fazem. Também acho interessante poder fazer dinheiro de forma tão rápida e facilmente,  aproveitando-me da depressão e sensibilidade de pessoas alheias. Vou então usar este post como uma cobaia para o meu ensaio.


 O que tem em comum um jovem que bate à porta e grita com a mãe, o executivo que briga com a mulher, o pai que fica acordado até de madrugada à espera que a filha regresse a casa, o desempregado que fica em casa a assistir aos jogos do Benfica na televisão e o empresário que fica com insónias, preocupado com os resultados da empresa?
 Medo, é a resposta. Pois é, noto que vivemos constantemente com medo, há até quem se isole devido ao seu receio e insegurança.
 Marlene é uma jovem do tipo clássico de pessoas que escondem a sua segurança atrás da solidão. Não tem amigos. Vive sozinha no seu apartamento, como se fosse o único lugar do mundo em que poderia sentir-se segura. Para aumentar a sensação de segurança, não atende o telefone e não telefona para as pessoas. Não visita a família porque acha que os familiares só dão trabalho. Não vai a festas porque acha que todos são superficiais e fúteis. Deixou de ir ao cinema porque acha que as pessoas são muito mal-educadas, fazem muito barulho e não têm respeito pelo próximo.
 É uma solidão planeada, mas, mesmo que Marlene não admita, não é uma solidão desejada. É uma solidão imposta a ela por si mesma, por ter medo de se expor e sofrer. A sua desconfiança em relação às pessoas causa tanto medo que o isolamento parece ser a melhor opção. Por detrás de toda a sua solidão, esconde-se um medo que ninguém consegue explicar.
 Quantas pessoas constroem uma muralha ao redor delas, apenas para não correrem o risco de se expor? Nunca saem de casa, ficam o tempo todo na Internet, às vezes têm contactos virtuais, mas pouco contacto real com pessoas.
 A solidão é a expressão do medo de amar. Ele dá-nos a falsa sensação de que temos esse medo controlado, quando na verdade, somos escravos dele.
 Quem ficou interessado, por favor aguarde pela publicação do livro que provavelmente aparecerá por lá, um possível tratamento. Ou então não, porque eu sofro traumaticamente de um dos sete pecados capitais: o ócio.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Os "bonitos" também sofrem


    Bem, isto é muito simples: cheguei a uma conclusão ao fim destes anos de vida, que até pode parecer óbvia, mas ao que parece eu estava em negação… Então é o seguinte:

  As crianças populares, bonitas e atléticas são vítimas de abusos. Sim, e ainda não foi formada nenhuma comissão nacional de luta contra o abuso destas crianças.
  Quando ainda novas e impressionáveis, são alimentadas à força com uma dieta de fábulas de patinhos feios com os quais, compreensivelmente, não podem identificar-se. São obrigadas aturar infindáveis filmes da Disney que lhes dizem que a beleza é interior. No secundário, os professores mais empenhados favorecem os alunos brilhantes, que se tornam ambiciosos através de ressentimentos sociais e que têm tempo, na noite de sábado, para ficar em casa a desenvolver interesse, simpático para os adultos por Miles Davis ou Lou Reed. Pondo em prática a teoria da compensação: se não vou arranjar um parceiro devido a minha beleza exterior, então talvez será melhor desenvolver o meu intelecto e a minha “lábia”.
   Depois de se formarem, aos populares e bonitos restam poucas figuras-modelo além dos apresentadores de televisão, enquanto os marrões podem imitar um sem-número de gigantes brilhantes como Bill Gates, Steve Jobs e Sergey Brin .
Pois, como está escrito, “ os últimos serão os primeiros” e os cromos herdarão a terra. 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Moral que vive na música


   Hoje não vou perder a oportunidade de ser um pouco moralista, e nada melhor que usar o mundo da música para retirar uma moral para a vida. É rico em histórias que ilustram o quanto uma pessoa generosa pode transformar uma derrota numa vitória espectacular. Eis uma das que mais gosto. Dick Rowe, um executivo da Decca Records, entrou para história como o homem que recusou os Beatles.
Sim, é verdade. Em 1962, ele dispensou os rapazes de Liverpool com a seguinte frase:  “Guitar groups are on their way out”.
   Quando as pessoas pensam no Dick Rowe, imaginam que ele tenha ficado destruído no mundo musical. Por esta altura após o enorme êxito da banda de rock britânica, seria motivo de chacota e risos por parte de muita gente. Se não fosse um maravilhoso pormenor: ele reconheceu o erro e começou a procurar desesperadamente outra banda que pudesse competir com os The Beatles. E conseguiu! Foi humilde e aproximou-se da produção dos Beatles, sequencialmente, produtores da banda aconselharam Dick Rowe a olhar para uma recente banda que andava em concursos nacionais e parecia ter um grande som, com riffs que ficariam para a história e que calcava a sua sonoridade no blues e rock and roll. E assim foi, conheceu os Rolling Stones e depositou toda a sua confiança em Mick Jagger e companhia, fazendo um contrato com a Decca Records. O homem que recusara os Beatles, faz agora um contrato com uma banda com imagem de rebeldes.
   Venturosamente, as coisas correram muito bem tanto para Dick Rowe, como para os Rolling Stones. Rapidamente se tornaram numa banda de Top mundial, com êxitos que nunca mais acabavam. Em 1969 lançam, provavelmente, um dos seus maiores hit´s de todos os tempos “ I can´t get no” Satisfaction. Com  aquele poderoso rift de Keith Richards, que certamente levou e inspirou muitos jovens a pegar na guitarra, como o nosso amigo Zé Pedro dos Xutos e Pontapés.
   Há até quem considere a  banda mais importante da chamada “Invasão Britânica ocorrida nos anos 60´, que adicionou diversos artistas ingleses, como os The Beatles, nas paradas norte-americanas e que decisivamente influenciaram na música pop e nos costumes.
   Passando agora a parte moralista, quando assumimos os nossos erros, não há espaço para alguém nos mostrar que estamos errados. A atitude de assumir os nossos próprios erros destrói inimigos e acaba com zangas inúteis. Dick Rowe é um exemplo daquelas pessoas que têm a coragem de rever os seus conceitos, são humildes ao reconhecer os seus erros, inteligentes para ouvir gente inteligente e fazer o que precisa de ser feito.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

" Banquete de Banqueiros II "


  Sejam bem-vindos de volta, é possível que o leitor, com a leviandade que o caracteriza, esteja a pensar: porque raio ele decidiu fazer outro post relacionado com o sistema financeiro e bancário? Pois bem, quando estava em pleno momento de introspecção, inspirado pelo solilóquio do Hamlet “ to be or not be” lembrei que talvez fosse melhor deixar o meu egocentrismo de lado e pensar mais nos problemas do mundo.

  Este post  faz todo o sentido, de modo, a fazer a continuação do “Banquete de Banqueiros”. Hoje vou tentar abordar outras problemáticas que não foram abordadas no post anterior, funcionando como um complemento e uma possível resposta aos comentários do “Banquete de Banqueiros I”.

  Cada vez mais, as pessoas queixam-se da crise, queixam-se dos bancos, queixam-se da quantidade de empréstimos realizados há anos anteriores e mais outras queixas que nunca mais acabam… O que não fazem ideia é que todo este sistema de funcionamento não ocorre por mero acaso. Denomina-se “Ciclo de negócios” e há séculos que está em funcionamento.
  Vou fazer uma analogia com uma pescaria, apenas para simplificar a compreensão do ciclo provocado pelas Instituições financeiras. Em primeiro lugar lançamos a linha de pesca: primeira fase, coloca-se muito dinheiro, unidades de câmbio, em circulação. Fazem isso, baixando as taxas de juros e fazendo muitos empréstimos. Esta é a parte do ciclo a qual designa-se “Boom”. Como há muitas unidades de câmbio em circulação, muito dinheiro passando de mão em mão, gera-se muita actividade económica, gera-se empregos e quanto maior é a quantidade de dinheiro gasto, maior é a demanda, então as empresas pegam em mais dinheiro novinho emprestado para aumentar a sua produção. As pessoas ficam confiantes com a sua vida quotidiana, dizendo “hey, eu trabalho para aquela empresa, tenho muitas ordens, o meu trabalho é seguro, logo vou comprar uma casa maior.
  Então, eles começam a mudar as coisas. Neste momento começam a enrolar o carretel da linha. Aumentam as taxas de juros, então poucas pessoas estão a pedir dinheiro emprestado, e pensam duas vezes antes de pedir um empréstimo maior. E também, agora que as taxas de juros subiram, grandes partes das finanças pessoais serão utilizadas para pagar altos juros de dívidas, o que faz com que deixem de comprar coisas. De repente, já não há dinheiro em circulação e menos coisas são compradas. As empresas começam a reduzir os seus ganhos, iniciam o despedimento de funcionários e abandonam negócios. As pessoas perdem os seus empregos, não podem pagar a hipoteca da sua casa nova, que haviam comprado no tempo das “ vacas gordas”.
  E agora, o que os bancos fazem, é começar a enrolar o carretel da linha, levando o peixe até a mão do pescador. Quando as empresas e as pessoas vão à falência, os bancos ficam com a riqueza verdadeira, que são as propriedades: terras, casas, recursos, tudo aquilo que as pessoas conseguiram comprar apenas por possuírem dígitos num ecrã e baseando-se na confiança do mercado. Como já tinha referido, este ciclo tem acontecido por muitos séculos e o que se tem feito? É roubar e acumular é a dura realidade. Isto não é de modo nenhum uma teoria conspiratória ou um post de um activista. A verdadeira riqueza do mundo, está na mão de poucos. As provas estão a vista de todos nós: o colapso financeiro de 2008 foi o resultado de inflações e deflações orquestrado, criado e executado pelos grandes banqueiros para consolidar a sua riqueza e poder. Antes da grande crise de 1929 a elite de banqueiros sacaram todo o dinheiro do mercado de acções. Depois da quebra do mercado, eles usaram esse dinheiro para comprar acções baratas e bancos falidos por míseros dólares.

  Talvez Portugal na altura em que o ciclo estava em pleno “Boom” deveria ter realizado investimentos racionais, como criação de boas indústrias de modo aproveitar os nossos recursos e aumentar as exportações, seguindo as leis exemplares do Rei D. Dinis, de construir no presente um futuro melhor e racional. Ao invés de usar o dinheiro irresponsavelmente em concessões, projectos de tgv´s, projectos de aeroportos etc. Que por esta altura têm um rendimento baixíssimo e um fracasso descomunal. Por vezes ponho me a olhar para o estado de Portugal e da Europa, como Charles Manson olha para palácios.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Banquete de Banqueiros


Sabiam que a bateria de um telemovel no microondas dura apenas quarenta e três segundos? Enfim. Experiências lúdicas que se podem realizar, quando se carece de sanidade mental...
 Agora que tenho atenção do leitor posso introduzir o tema de hoje e deixar de lado as "experiências laboratoriais".  Eu vejo pouca televisão, mas nunca perco um produto aviltante. Tenho acompanhado a reportagem “ A fraude” realizada pela SIC. Na minha opinião, o conteúdo é de extremo interesse, mas a reportagem peca por estar demasiada dramática e suasiva, com um jogo de cores, imagens, sons e suspense que tornam a reportagem sim aviltante, mas com um objectivo exageradamente claro de cativar atenção e prender o telespectador à TV.   Mas não censuro, é o dever da comunicação social prender o telespectador e fazer dinheiro com a publicidade. Decidi então fazer um post, o mais objectivo possível em relação ao funcionamento do sistema económico e bancário, deixando de lado os dramatismos.

 É interessante como fazemos tão poucas perguntas sobre as coisas da nossa vida quotidiana, como: Quando vamos a um banco e pedimos um empréstimo de cinquenta mil euros, o que realmente acontece? Muita gente passa toda a sua vida apenas com uma vaga imagem do que realmente acontece. O que acontece realmente é: quando você pede cinquenta mil euros eles apenas digitam o valor na sua conta; cinquenta mil euros. E é só isso! Eles não cunham nenhuma moeda, não imprimem nenhum dinheiro, não movem nenhum metal precioso de lugar. Apenas digitam cinquenta mil euros na sua conta no ecrã de um computador. Desse momento em diante, você começa a pagar juros. De dinheiro que não existia, não existe e jamais existirá.
Acontece que o banco pode emprestar nove vezes a quantidade de dinheiro que possui nos seus cofres. Isto é possível graças a algo chamado: Reserva Fraccionada de Empréstimo. Qualquer banco central de qualquer país é legalmente capaz de determinar a quantidade de reserva que um banco deve possuir. Por exemplo, assim que você deposita dez mil euros no banco, o banco separa dez por cento dessa quantia, ou seja, mil euros; e depois empresta todo o resto do seu dinheiro ( nove mil euros). Como funciona… digamos que vem outra pessoa entra no banco e pede um empréstimo para comprar um carro de nove mil euros. Nesse momento, o banco pega nos nove mil euros do seu depósito original. E empresta a essa pessoa. O que pegou no empréstimo, agora compra o carro de alguma pessoa, essa pessoa, cujo, o carro foi comprado vai depositar o dinheiro noutro banco, que faz parte do mesmo sistema financeiro. Esses nove mil euros são tratados como um novo depósito e o processo continua, ou seja, o banco volta a separar a quantia, em novecentos euros para o banco e oito mil e cem euros para circular. O dinheiro é redistribuído e emprestado novamente, vezes sem conta. Até que o depósito inicial de dez mil euros, se converte em cem mil euros. O sistema bancário acabou de criar noventa mil euros, apenas emprestando o seu dinheiro! Este esquema já começou com ourives do século XVII, quando as pessoas negociavam em ouro. O ouro era muito pesado para carregar por aí, então as pessoas guardavam os seus metais em cofres e pagavam recibos de papel para comprovar. Esses recibos foram os primeiros “dinheiros” em papel. Como poucas pessoas sacavam o seu ouro ao mesmo tempo, os donos dos cofres, mais ou menos como os banqueiros de hoje, foram criando mais recibos do que a quantidade de ouro que possuíam. Emprestavam esses recibos, e cobravam juros sobre o ouro, que eles não tinham! Através deste sistema, os bancos podem criar dinheiro do nada, enquanto o resto de nós tem que trabalhar duro para o ganha-lo. Foi criada uma nova forma de servidão social, onde a maioria da sociedade agora trabalha para pagar as suas dívidas com os bancos.
 Sob este sistema de funcionamento nós, inevitavelmente, tornamos nos escravos de dívidas com a classe dominante da elite financeira. E não porque eles são melhores ou mais espertos que alguém, mas porque eles têm manipulado o sistema, para beneficiar a eles mesmos às custas da maioria das pessoas deste planeta. Vamos supor que está a jogar "monopólio" e quer comprar um parque. O que eu faço é simplesmente imprimir dinheiro. Dou a mim próprio mais dinheiro. Isto permite baixar o valor do dinheiro apenas imprimindo mais. Não importa o quão trabalhador você seja, ou quão sucesso possua, eu posso sempre acabar por o comprar de graça.
Os bancos centrais, são cartéis de bancos, que se associaram aos respectivos governos dos países onde operam. E a eles foi dado poder monopolizado sobre a criação do dinheiro da nação. Isto foi o que os políticos concederam a eles, como um presente, pode-se dizer pela parceria. Mas em retorno, o que os bancos fizeram pelos políticos? Eles prometeram criar dinheiro do nada, sempre o governo precisar. O conhecido Imposto de Renda foi criado para que nós possamos pagar a dívida que os políticos criaram, mais os juros, aos banqueiros! Atualmente temos um pequeno grupo de banqueiros que entendem tudo sobre dinheiro e economia, de tal forma que aqueles de dentro estão protegidos, e todos os demais, não.
Não me alongo muito mais, termino subscrevendo a frase do Henry Ford “ É essencial que as pessoas da nação não entendam como o nosso sistema bancário e financeiro funcionam, pois senão teríamos uma revolta mesmo amanhã."

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Idiossincrasia na Comunicação

  Ora boas. Certamente notarão um tipo diferente de escrita hoje. O João pediu-me se não queria contribuir na criação de alguns posts. Ora pois claro.
Irei mostrar as minhas opiniões, indignações, ódios e idiosincrasias de todos os tipos. Bolas como eu adoro a palavra idiosincrasia, fica mesmo na cabeça, não
fica?...Idiosincrasia.
  Como é que hei-de começar... bem, ao contrário do meu colega eu não tenho nenhum estudo,nenhuma votação nem nenhuma experiência para abordar um tema, não, eu sou
preguiçoso e por isso estou para aqui a escrever num bloco de notas, sem me preocupar com erros e sem qualquer atenção à sintaxe frásica.
   Em 1939 Victor Fleming realizou o "Feiticeiro de Oz", hoje em dia uma das obras mais marcantes do cinema clássico americano. Um pouco tal como "O principezinho", o
"Feiticeiro de Oz", é uma obra enigmática escondida debaixo duma capa infantil em que a inocência serve como camuflagem do seu verdadeiro sentido.
No Filme há a seguinte conversa:

Dorothy: Mas espantalho, como é que tu consegues falar se não tens cérebero?

Espantalho: Eu não sei, mas há pessoas sem cérbero que nunca param de falar, não há?

  A necessidade de falar nos dias hoje e o excesso de importância que as pessoas dão ao conjunto de sons que nos sai da boca suprime completamente o significado destas.
Não importa o que as pessoas dizem desde que falem muito. O problema é que hoje em dia, quando se liga a televisão só ouvimos reciclagem de noticias do dia anterior.
A minha teoria é que os telejornais já reutilizam os telepontos porque como se está sempre a dizer o mesmo, não vale a pena escrever outra coisa. Bem, isto não é mau de todo, pelo menos reutiliza-se papel.
Por favor não me odeiem, porque eu não estou a atacar os media de nenhuma maneira, eu adoro os media, adoro deitar-me à noite em frente da TV e sofrer um processo de zombificação tão longo que quando dou por mim já estou a ver as facas de cerâmica que cortam aço ou aquelas frigideiras que podem levar com um martelo e ficam na mesma (espectacular, preciso duma coisa daquelas). O problema é que somos bombardeados com as mesmas coisas dias após dias: Ontem passaram uma noticia
sobre economia e hoje passam outra, muito mais escandalosa mas com o mesmo conteúdo, sobre o quê? adivinharam: economia. Por amor de Deus, não aconteceu nada na
economia do país no espaço entre o bloco noticioso da meia-noite e ao diário da manhã! Foram só umas quantas horas. Não é por eu abrir o frigorifico de 10 em 10
minutos que o pudim solidifica mais depressa.

Tiago Pereira

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O "Crítico"

  Ola lindos colegas, leitores, transeuntes e pessoas em geral. Ora, antes de introduzir o tema central queria deixar aqui uma preocupação minha: O leitor conhece aquele tipo de pessoa irritante que aproveita todas as viagens para nos comunicar onde esteve e para se pôr a gabar do estrangeiro com o intuito evidente de depreciar Portugal? Eu sou uma dessas pessoas, que fico iludido com a grandeza mas rapidamente percebo, que muitas vezes esses países esplêndidos são como lupanares: é agradável visitá-los de vez em quando, mas eu não quereria viver lá.
   Vamos então ao assunto que nos trouxe aqui. Hoje sinto-me particularmente ousado para criticar, só encontrei uma explicação para este meu estado, quem se sente só tende a ser mais crítico com os que o rodeiam, julga os outros com mais severidade e acaba por ficar mais só. O que julgo ser bom, para quem quer seguir uma carreira de "crítico". Mas depois penso: Nenhum indivíduo isolado conseguiria construir um avião moderno, nenhum génio assombroso cria uma obra-prima individualmente. E este tem sido o meu dilema: socializo e torno me parte da sociedade enquanto cidadão arranjo um trabalho, construo uma família, amigos e posso construir um avião com ajuda de outrem, ou isolo-me para me manter crítico e assim fazer algum dinheiro com críticas... O que me tem causado sentimentos como medo, nojo, felicidade, desprezo, ira, tristeza, orgulho e vergonha.
     Mas vamos passar ao que realmente interessa, autoproclamo-me de pós moderno e quem seria eu se não fizesse uma crítica política? Ora, então cá vai, o que tenho vindo a notar é que, os deputados são equivalentes aqueles players dos jogos de vídeo, que usam cheats para ter vida infinita. Não há estrago da vida pessoal, penas de prisão, multas por excessos de velocidade ou embriaguez, desemprego na família, despesas com obras, faltas de subsídios entre outros que nem me quero lembrar senão provavelmente paro de escrever e dou início a um motim. Acho que até mesmo o Al Capone ficaria inibido com tanta vigarice e desejaria voltar para Chicago. Agora para acabar vou aproveitar a oportunidade de me juntar a um coro de moralistas e dizer com toda a confiança: “Isto, isto no meu tempo, não era nada assim” Era pior.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Bebés e cafés

  Este post começa como uma história cinematográfica. Estava eu sentado numa esplanada, fim do dia, gozando um bom bocado com os meus amigos. Contudo a conversa não estava a ser muito interessante, então desviei subtilmente a minha atenção para algo que me estava realmente a intrigar, aquele clássico bebé que está a chorar e a seu lado está uma mãe que o ignora enquanto desfruta do seu cigarro. Este foi o ponto de partida, para me desligar de tudo o que estava acontecer e mergulhar nos meus profundos e fascinantes pensamentos.
   Então comecei por pensar, por vezes não temos noção do quanto a relação entre uma criança e a sua mãe – ou tutor principal – irá moldar fortemente o modo como a criança se verá a si própria e ao mundo. O facto de existir pessoas com falta de confiança social, predisposições para a irritabilidade ou mesmo problemas de diálogo com outrem, podem advir destes episódios “mínimos” que passam na nossa infância. Imaginemos, um bebé nasce com características inatas, como a irritabilidade. Mas tem a sorte de ter uma mãe que consegue ler os seus humores, que o abraça quando quer ser abraçado e o pousa quando quer ser pousado; que o estimula quando quer ser estimulado e mantém a distância quando quer tranquilidade. Esse bebé aprende que é uma criatura que existe em diálogo com outras e acaba por ver o mundo como uma série de diálogos coerentes. Aprende também que, se enviar sinais, eles serão provavelmente captados.
  As crianças nascidas em ambiente de relações sintonizadas aprendem a estabelecer conversações com pessoas novas e sabem ler os sinais sociais. Na escola, sabem como usar os professores e outros adultos para serem bem-sucedidas. Não se sentem compelidas a colar-se aos professores e a estar juntos deles o tempo todo, dando a chamada “graxa”, mas também não se mantém muito afastadas. Tendem também a ser mais sinceras ao longo da vida por sentirem menos necessidade de se sobrevalorizar aos olhos dos outros. Já as outras que nascem num ambiente de relações ameaçadoras podem tornar-se receosas, ensimesmadas e agressivas. É frequente sentirem ameaças onde elas não existem. Isto porque usualmente uma pessoa só é agressiva porque se sente ameaçada. Posteriormente ainda podem ser vítimas de mais stress emocional.    
 Estas crianças possuem o chamado “apego evitativo” tiveram pais emocionalmente distantes e psicologicamente indisponíveis, que não comunicam bem com os filhos ou estabelecem ligações emocionais. Dizem o que devem dizer, mas as palavras não são acompanhadas por gestos físicos que comuniquem afeição. Em resposta os filhos desenvolvem um modelo interior de funcionamento em que concluem que têm de bastar a si mesmo. Aprendem a não confiar nos outros e a distanciar-se por precaução. Quando os pais conseguem criar uma sintonia com os filhos, um fluxo de oxitocina  inunda-lhes o cérebro, que por sinal, é a mesma hormona expelida durante um orgasmo, ou seja, flui quando se experimentam relações sociais íntimas dando-nos uma sensação de contentamento e realização. Por outras palavras, a oxitocina é maneira de a natureza estreitar os laços entre as pessoas. 
 Como se não bastasse isto afectará a nossa vida futura, um adulto com apego evitativo tende a não recordar grande coisa da respectiva infância. Podem descrever com generalidade, mas poucas coisas houve emocionalmente poderosas para se incrustarem na memória. Muitas vezes, têm dificuldade em estabelecer compromissos íntimos. Podem ser excelentes na discussão lógica, mas reagem com profundo desconforto quando a conversa aborda as emoções, ou quando convidado a revelar-se. Sentem-se mais a vontade e seguros sós. Segundo um estudo realizado por Pascal Vrticka, da Universidade de Genebra, os adultos com apego evitativo, têm três vezes mais probabilidade de estarem sós ao atingirem os 70 anos. Com todo este episódio, não quero apelar as Mães leitoras que sejam umas “Mães galinhas”. Como o psicólogo britânico John Bowlby argumentou, para que alguém se desenvolva perfeitamente é necessário sentir amado, mas também necessita de ver o mundo e tomar conta de si próprio. Toda esta profunda reflexão passou me pela cabeça ao olhar para aquele “infeliz” bebé, e sim os meus amigos desconfiam que eu sofro de autismo.