quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

" Banquete de Banqueiros II "


  Sejam bem-vindos de volta, é possível que o leitor, com a leviandade que o caracteriza, esteja a pensar: porque raio ele decidiu fazer outro post relacionado com o sistema financeiro e bancário? Pois bem, quando estava em pleno momento de introspecção, inspirado pelo solilóquio do Hamlet “ to be or not be” lembrei que talvez fosse melhor deixar o meu egocentrismo de lado e pensar mais nos problemas do mundo.

  Este post  faz todo o sentido, de modo, a fazer a continuação do “Banquete de Banqueiros”. Hoje vou tentar abordar outras problemáticas que não foram abordadas no post anterior, funcionando como um complemento e uma possível resposta aos comentários do “Banquete de Banqueiros I”.

  Cada vez mais, as pessoas queixam-se da crise, queixam-se dos bancos, queixam-se da quantidade de empréstimos realizados há anos anteriores e mais outras queixas que nunca mais acabam… O que não fazem ideia é que todo este sistema de funcionamento não ocorre por mero acaso. Denomina-se “Ciclo de negócios” e há séculos que está em funcionamento.
  Vou fazer uma analogia com uma pescaria, apenas para simplificar a compreensão do ciclo provocado pelas Instituições financeiras. Em primeiro lugar lançamos a linha de pesca: primeira fase, coloca-se muito dinheiro, unidades de câmbio, em circulação. Fazem isso, baixando as taxas de juros e fazendo muitos empréstimos. Esta é a parte do ciclo a qual designa-se “Boom”. Como há muitas unidades de câmbio em circulação, muito dinheiro passando de mão em mão, gera-se muita actividade económica, gera-se empregos e quanto maior é a quantidade de dinheiro gasto, maior é a demanda, então as empresas pegam em mais dinheiro novinho emprestado para aumentar a sua produção. As pessoas ficam confiantes com a sua vida quotidiana, dizendo “hey, eu trabalho para aquela empresa, tenho muitas ordens, o meu trabalho é seguro, logo vou comprar uma casa maior.
  Então, eles começam a mudar as coisas. Neste momento começam a enrolar o carretel da linha. Aumentam as taxas de juros, então poucas pessoas estão a pedir dinheiro emprestado, e pensam duas vezes antes de pedir um empréstimo maior. E também, agora que as taxas de juros subiram, grandes partes das finanças pessoais serão utilizadas para pagar altos juros de dívidas, o que faz com que deixem de comprar coisas. De repente, já não há dinheiro em circulação e menos coisas são compradas. As empresas começam a reduzir os seus ganhos, iniciam o despedimento de funcionários e abandonam negócios. As pessoas perdem os seus empregos, não podem pagar a hipoteca da sua casa nova, que haviam comprado no tempo das “ vacas gordas”.
  E agora, o que os bancos fazem, é começar a enrolar o carretel da linha, levando o peixe até a mão do pescador. Quando as empresas e as pessoas vão à falência, os bancos ficam com a riqueza verdadeira, que são as propriedades: terras, casas, recursos, tudo aquilo que as pessoas conseguiram comprar apenas por possuírem dígitos num ecrã e baseando-se na confiança do mercado. Como já tinha referido, este ciclo tem acontecido por muitos séculos e o que se tem feito? É roubar e acumular é a dura realidade. Isto não é de modo nenhum uma teoria conspiratória ou um post de um activista. A verdadeira riqueza do mundo, está na mão de poucos. As provas estão a vista de todos nós: o colapso financeiro de 2008 foi o resultado de inflações e deflações orquestrado, criado e executado pelos grandes banqueiros para consolidar a sua riqueza e poder. Antes da grande crise de 1929 a elite de banqueiros sacaram todo o dinheiro do mercado de acções. Depois da quebra do mercado, eles usaram esse dinheiro para comprar acções baratas e bancos falidos por míseros dólares.

  Talvez Portugal na altura em que o ciclo estava em pleno “Boom” deveria ter realizado investimentos racionais, como criação de boas indústrias de modo aproveitar os nossos recursos e aumentar as exportações, seguindo as leis exemplares do Rei D. Dinis, de construir no presente um futuro melhor e racional. Ao invés de usar o dinheiro irresponsavelmente em concessões, projectos de tgv´s, projectos de aeroportos etc. Que por esta altura têm um rendimento baixíssimo e um fracasso descomunal. Por vezes ponho me a olhar para o estado de Portugal e da Europa, como Charles Manson olha para palácios.

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