segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Tristeza Lusa

 Saudações, hoje escrevo-vos de volta, porém digiro-me a vocês num tom mais melancólico. Numa tentativa, que já tem o fracasso anunciado, de realizar mais uma vez um exercício de lirismo que frequentemente é próximo da desinteresseira geral.

 Mas desenganem-se aqueles que pensam que eu não sou feliz, porque efectivamente sou uma das pessoas mais felizes do mundo. No entanto, como estou em território português achei por bem começar por frisar que me sentia particularmente em baixo ou pouco feliz. Isto porque, normalmente é um estado que os portugueses simpatizam, e era o suficiente para que despertasse o interesse de pelo menos 3 pessoas por este texto. Debrucemos-nos então sobre esta cruel temática que atormenta a nossa Nação. Porque raio convencionou-se que em Portugal “estar feliz” é considerado uma atitude de desrespeito à pátria?

  Irrita-nos, incomoda-nos profundamente ver portugueses realizados, contentes e cheios de alegria. Neste momento afirmar-se “sou feliz” em praça pública acaba por ser recebido com o mesmo tom pejorativo de “eu sou rico”, “eu não preciso de trabalhar” ou “sou melhor que vocês todos”. É escandaloso e ninguém deve estar feliz. Se estiver feliz é logo encharcado com juízos de valor como “é um despreocupado”, “não faz nada”, “é um zé-ninguém”. São pessoas que acima de tudo desrespeitam a vida e a desgraça dos outros. Os portugueses já sofrem bastante com o tédio, a frustração, a monotonia, o cansaço, a indignação geral com a política, greves e as leis; como podem conseguir ser felizes? No meio de todos estes problemas nem sobra espaço para as as suas desavenças e crises pessoais.. pobres miseráveis! Um povo que sofre traumaticamente de uma grave síndrome que não permite de forma alguma às pessoas terem pequenos prazeres, momentos de surtos de dopamina, alegrias e boa disposição. Os portugueses estão condenados a não ter alegria na vida, podem ter a esperança de um dia alegrar-se, porém rapidamente virá ao de cima aquele estado tipicamente descontente de quem nunca terá hipóteses de se vir a contentar. Mesmo no próprio dia do casamento, um momento nobre de celebração,  muitos noivos não conseguem desfrutar de um dos dias mais importante da sua vida porque ficam preocupadas se realmente tudo irá dar certo. No dia em que uma pessoa é promovida, frequentemente ela fica tão preocupada em dar conta da função que não comemora a sua vitória. E assim vamos perpetuando o nosso futuro trágico de tristeza.
   Em portugual o ideal é andar mais ou menos. Ou melhor, convém "ir-se andando". Não sejemos hipócritas quem nunca respondeu à aquela velha pergunta irritante: "Então? Bem disposto?" com a resposta: "Vai-se andando". É a resposta estipulada pela etiqueta para a situação, a única em que o interlocutor não fica chateado e até sente uma certa empatia por nós, por estarmos numa situação mais ou menos boa.

  Resumindo, em Portugal a felicidade é reprimida. Não se pode entrar feliz num lugar, nem enaltecer junto de outros os nossos triunfos pessoais mais recentes. Para evitar que nenhum senhor sisudo interpele-nos com "Então, que lhe aconteceu?", ou que nos lancem maus olhares de quem é um infractor das rígidas leis sociais. Portanto, dominem a vossa felicidade, eduquem-na, porque isso de andar feliz pode ser considerado um ato loucura e as pessoas podem pensar que estão a gozar com elas e com a sua desgraça.

- Adérito Dionísio 

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Devaneios de revolta

[A rubrica que ninguém quer saber]

Saudações fiéis seguidores fui recentemente convidado pelo energúmeno do administrador deste blogue para fazer umas pseudo-resenhas de textos para ver se alguém começa a dar mais atenção a este blogue solitário e abestalhado. 

Antes de mais, quero afirmar aqui publicamente que tenho uma profunda admiração e respeito por senhores que sabem tudo o que há para saber e compreender do mundo apenas com uma simples leitura do jornal “A Bola”. A vossa sábia opinião, a vossa avançada doutrina filosófica tem contribuído avidamente para o crescimento do meu conhecimento ao longo destes últimos anos em tudo o que é debate, discussão, tertúlia, ou simplesmente conversa de café. Portanto, uma palavra de apreço é pouco para estes grandes pensadores do século XXI! Espero sinceramente que continuem a prosseguir com os vossos mais avançados estudos no que toca à fenomenologia, lógica avançada, mecanismos psicológicos, reflexões das temáticas fraturantes da sociedade e questões do quotidiano.
Como o leitor deve estar a constatar eu sou uma pessoa que vive muito na solidão. Mas, desenganem-se aqueles que a principal causa é a de eu ser uma verdadeira besta. Também é não vou desmentir, mas o que me mais motiva andar sozinho por estes recantos obscuros embebidos de aventuras, desaventuras e dramas por detrás de mistérios. É o facto de a minha própria companhia ser tão boa que eu acabo por forçar as outras pessoas, e as suas respetivas companhias, a competir com ela. O nobre Beckett em tempos afirmou que a solidão é uma espécie de companhia e eu adoro a minha companhia! Alguns acusam-me de narcisismo, mas neste ponto não posso concordar. Na minha opinião pior do que uma pessoa solitária e feliz, só mesmo aquelas criaturas aterradoras que não são capazes de estar sozinhas. Se nem elas se suportam a si mesmo, como não haverá de ser insuportável para os outros estar na sua companhia? É uma das pior raças à face da terra esta gente que não suporta a solidão. Arriscam-se mesmo a morrer sem ter passado tempo nenhum consigo próprios.

Agora, que já devo ter aumentado a minha probabilidade de ser vilipendiado vou-me retirar de mansinho acompanhado por uma excelente companhia: eu. Cumprimentos semi-caloroso a todos e não se esqueçam: Continuem a chatear os outros enquanto gastam dinheiro que não têm em coisas que não precisam para criar impressões efémeras em pessoas que não gostam!


- Adérito Dionísio Bisnaga

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Excogitar o futuro

  Revolucionário: Revolucionário é alguém que surge com os preconceitos muito avançados para a mentalidade da época. É aquele que se apresa por percorrer todos os caminhos até a verdade, aquele que possui uma curiosidade inquieta, aquele que se faz por ouvir, aquele que analisa exaustivamente, aquele que procura a mudança, aquele que ambiciona colmatar o erro, a mediocridade, a miséria.
   Revolucionários contribuíram para a mudança ao longo dos anos. Sinto que neste momento é necessário um profeta, um Ghandi, um Sebastião para este purgatório, com a forma de um estranho rectângulo geográfico cujo inconsciente nacional deixou, há muito, de se definir como um quadrilátero de ângulos e costumes rectos. É necessário despertar os mestres que por aqui habitam, um mestre é aquele que tem a capacidade de conduzir os outros a um grau mais elevado de consciência; alguém que sabe dar resposta às inquietações mais íntimas. Sim, porque se queremos uma mudança, essa transformação deve partir do interior de cada um pois à medida que mudamos o nosso pequeno mundo o mundo lá fora muda connosco.
   É um dever dos inconformistas! É de um extremo egoísmo e egocentrismo abandonar a pátria e o seu círculo por esta não oferecer condições.. E que tal mudar aquela obsoleta frase: “Eu sou um produto do meu ambiente” e transformá-la na “O ambiente é um produto de mim mesmo”? Que tal ligar a máquina da proatividade? A nossa criatividade? E não deixar que as crises económicas e políticas nos afectem o rendimento, a confiança, a coragem, os nossos sonhos, o orgulho nacional. Citando o nobre Camões “O fraco rei faz fraca a forte gente”, “A necessidade aguça o engenho” ou até o velho sábio Pessoa “ (…) o Homem sonha, a obra nasce”. Estes são exemplos de mestres revolucionários! As crises são mudanças, transformações, nada vai voltar a ser como antes! Portanto, sugiro que comecem a procurar aceitar as actualizações.
   Portugal não pode ser pura e simplesmente um país enterrado à beira-mar, porque efectivamente não o é. Portugal tem recursos, tem beleza, tem ousadia, tem espírito de sacrifício, tem conhecimento, tem talento, tem mestres! Mais do que nunca, é necessário despertá-los para acção, despertar o seu génio criativo. É obrigatório fugir ao estado de estar encerrado numa floresta de palavras, é necessário provar a veracidade das palavras é urgente apelar às forças paralisadas e aos homens atravancados. Grande parte dos movimentos culturais, das transformações surgiram de jovens, unidos por uma vontade comum de transgredir as regras normalmente aceites para conseguir o bem comum da população. Por aqueles que ambicionaram a apoteose fantástica, aqueles que ignoraram os olhos de desdém que os apelidavam de loucos e pretensiosos por intencionarem fazer algo novo, inovador, aqueles que colocaram a seguinte questão “E agora?”.

     Mais do que formar soldados, devemos formar um arsenal de pensadores. Aqueles que não têm medo de levantar a cabeça, de se colocarem em Xeque, de abrir as portas à dúvida que os atormenta e questionarem as suas próprias verdades. Só seremos pobres quando nos sentirmos incapazes ou indignos de alcançar algo que se almeja. Quando nos deixarmos oprimir e reprimir, lembrem-se que uma sociedade reprimida é fácil de enganar! E pelo que vejo não temos sido mais do que marionetas que alimentam a ganância dos “grandes” senhores, escravos de um sistema perpétuo de auto geração de débito.

    É altura de deixar de ter aquela velha opinião formatada sobre tudo e actuar! "As revoluções são a locomotiva da história."
Karl Marx




sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Deambulações de um tipo razoável

Alô fiéis leitores, ou possíveis leitores.. Bem, como já devem ter dado conta eu tenho andado um bocado afastado dos "postes" (exato, nesses dois sentidos em  que certamente deverão estar a pensar), mas isto curiosamente tem uma justificação. Como em tudo o que eu faço existe uma justificação normalmente viável... Eu tenho andado bastante entretido com diversas atividades e projectos, uma dessas atividades é tentar desvendar o enigma do universo. Ok, neste ponto muitos chamam-me louco, avisam-me que vivo num mundo à parte, que devia ter os pés assentes na terra, que a vida é mesmo assim não há nada a fazer.. Mas como o senhor B fachada afirma: "Gente moralista só despista", e realmente esta breve frase é detentora de todo o sentido e razão! Vejo imensos jovens por aí que vivem sem sonhos conformados com este mundo mastigado, jovens que se deixam apanhar facilmente na rede dos "grandes" senhores e deixam-se igualmente fazer-se escravos " A ignorância é sinónimo de escravidão". Enfim, se tudo correr bem e Darwin estiver certo a seleção natural haverá de atuar..

Como podem constatar eu "perco" demasiado tempo com assuntos que não valem de nada, que não interessam para o mundo, para a sociedade, para a realidade etc. Pois, mas eu gosto de assumir por vezes o papel de um humilde espectador de como quem vai assistir a uma peça de teatro ou a uma bela obra cinematográfica e deixo-me estar por breves instantes a fazer o exercício de observar e analisar com todo o cuidado o dia-a-dia deste planeta.. No fim tiro uma conclusão, retiro uma lição e normalmente faço uma crítica. Se achar que é fofinha e se tiver tempo ainda a partilho com vocês!

Ultimamente tenho reparado que a humanidade não sabe o que quer, que não tem tempo para nada, que diz em cada instante que o tempo não chega para fazer o que deseja, por que lhe falta, principalmente, a energia para pôr em prática os seus objetivos. É incrível como nos dispersamos por múltiplas actividades, na ânsia de chegarmos a tudo! Eu próprio considero-me uma vítima desta doença.
Perdemos o essencial: a liberdade, que não pode ser encontrada no ritmo da vida moderna, onde os conflitos profissionais, as pressões da faculdade, as discórdias familiares, a alucinação da velocidade, o ambiente insalubre das salas de espectáculos contribuem largamente para a nossa alienação. Censuro a função alienante da informação, proveniente das revistas, dos jornais, da rádio, da televisão... E admito que esta força diluviana, longe de resolver os problemas, apenas intensifica a dúvida, a incerteza, a confusão... Porque, perdidos a contemplar a multiplicidade dos caminhos, tornamos-nos cada vez mais incapazes de um juízo correto, de uma atitude criadora. 
 Insurgi-me contra a expressão derrotista "passar o tempo", porque o mais importante é saber "viver o tempo, ocupando-o de forma mais útil à evolução e ao progresso, com certeza plena de que cada momento é um marco fundamental, um desafio à inteligência e à imaginação.

Existe uma grave crise de entusiasmo que afecta a humanidade, Não aquele entusiasmo que faz vibrar os fãs num bom concerto ou de quem participa numa festa mundana. Mas outra espécie de entusiasmo: o entusiasmo silencioso que acompanha o artista no momento da criação, o entusiasmo que nos projeta alegremente no trabalho mobilizando todas as forças da alma, rumo a um objetivo superior. Temos de descobrir o artista que existe em cada um de nós, o artista é um gerador de ideias e começa a estar na hora de a nossa sociedade começar a ser uma praticante assídua do neurofitness! Com certeza as coisas seriam muito mais diferentes a nível da criação, inovação, ambiente de trabalho, ambiente familiar, na busca da própria felicidade e realização pessoal. Talvez se cada um encontrar a sua identidade e felicidade o mundo se torne um pouco melhor...

domingo, 25 de agosto de 2013

Recontro de uma Sociedade entretida

Eles andam constantemente distraídos
Por isto por aquilo, por jovens bilionários que são heróis nacionais, por picarias do mundo cor-de-rosa..
E pouco é o tempo para se compreenderem
Para se perderem na realidade do fantástico
Na sua erma consciência…
Sobressaem-lhe mudos os pensamentos, são raros os devaneios de lucidez
Escasseiam-lhes as ideias.. Vivem no seu hipotético oceano de certezas
Deixam-se vogar pela ignorância, duplos seres sem forma, sem identidade…
Ó Pátria pouco sã para onde vais tu caminhar?
Saio a correr de mim mesmo, qual louco,
Com fé da vida ser apenas um sonho
O mundo todo me entra, olhos dentro
E enche-me de mágoas a minha alma..
Um continente que foi abandonado, consumido pelo dinheiro!
Deixaram-se robotizar, as ideias na sua cabeça foram marteladas
E com apreço eles as aceitaram
Estando elas certas ou erradas…
Por isso, quaisquer humanos mortais,
Que se ufanem muito do seu saber,
Custe-nos aqui ter que o dizer:
Poderão não ser muito racionais!
Que continuem a dar ao gravatinha o poder de mandar,
Seja ele arrojado e genuíno,
Racional no processo de pensar
E justo e generoso a decidir

Prossiga por si próprio com o seu destino de naufragar!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Epifanias empresáriais

  Hoje estou numa de colocar na pele de empresário visionário. Comecei por pensar no que é preciso para formar uma boa empresa, e, sem sombra de dúvida uma das peças fundamentais para manter um ótimo funcionamento da empresa é ter uma excelente equipa de trabalho. Uma equipa organizada, fiel, criativa, responsável, motivada, dedicada e sobretudo apaixonada e orgulhosa por aquilo que faz.

  Primeiro passo, passa por contratar os melhores. Usualmente aqui algumas empresas pecam porque contratam pessoas baseadas apenas no seu grau de inteligência. Não basta contratar pessoas com base na inteligência; não basta ter uma equipa de cérebros das melhores universidades. Os pontos de QI tem pouco efeito mensurável no sucesso da sua vida. As pessoas com altos resultados de QI são bons em tarefas lógicas, lineares e computacionais. Mas para triunfar no mundo real, a inteligência tem de estar aninhada com determinados traços e disposições de caracter. Fazendo uma analogia: Um bom soldado pode ser fenomenalmente forte, e, se lhe dermos um teste que tenha que ver com flexões e elevações, terá ótimos resultados. Mas, a menos que seja dotado de coragem, disciplina, técnica, imaginação e sensibilidade, provavelmente não sobreviverá no caos do campo de batalha. 

 Existem algumas disposições mentais que contribuem para o desempenho no mundo real: A tendência para recolher informação antes de decidir, a tendência para procurar vários pontos de visto antes de chegar a uma conclusão, a disposição para raciocinar detidamente sobre um problema antes de reagir, a tendência para ajustar o grau de firmeza das próprias opiniões ao grau de indícios disponíveis, a tendência para pensar nas consequências futuras antes de agir, a tendência para pesar explicitamente os prós e os contras de uma situação antes de tomar uma decisão, e a tendência para procurar matizes e evitar o absolutismo.
  Em jeito de conclusão, existe uma grande diferença entre força mental e carácter mental!

domingo, 14 de julho de 2013

A Ciência da Educação e a Educação da Ciência.

  Hoje estou numa de dar asas às minhas intrigas; e porque não abordar temas incendiários e que incomodem o equilíbrio do sistema e quiçá do universo? A mim dá-me prazer e para quem lê é capaz de ser um entretenimento mais agradável do que estar especado a ver reality shows ou outras baboseiras que saem do quadrado negro. Ou então não… Mas prefiro pensar que sim.

  Hoje apetece-me abordar a ciência e a educação até porque é um meio onde estou parcialmente inserido visto que sou um pseudo-estudante de ciências farmacêuticas, ou pelo menos tento ser.

  Vamos começar do início, vamos começar por aqueles que chegam às conclusões, aqueles que criam o conhecimento e posteriormente o passam ao outro, os Cientistas. Cada cientista possui uma identidade, um rosto intelectual, uma história existencial. Muitos deles gastaram os melhores anos das suas vidas no processo de produção de conhecimento e, durante esse período, foram tomados pela insegurança, pela ansiedade, por desafios, por frustrações e pelo sucesso. Muitos tiveram de romper paradigmas intelectuais da sua época e, por isso, foram incompreendidos, rejeitados, discriminados. Como pensadores possuem uma história rica. Porém, infelizmente, o  conhecimento que produziram é transmitido friamente nas salas de aula, ou seja, é veiculado  sem um enquadramento histórico, sem identidade, sem "rosto". O conhecimento na educação unifocal é transmitido de modo acabado, proto e sem aventuras, como se tivesse sido produzido por um milagre da mente.

 Uma das melhores maneiras de estancar o debate de ideias e matar a criatividade intelectual é transmitir o conhecimento de uma maneira fria, pronta e acabada, como se fosse uma verdade sem história, uma verdade inquestionável.

  Qualquer área das ciências tem identidade e um rosto. A transmissão de conhecimento realizada sem rosto intelectual, sem debate, sem crítica, sem arte, sem desafio nem teatralização da história da produção do conhecimento não estimula o desenvolvimento da inteligência. Decorar porque sim é robotizar-se é perder a criatividade, é perder a originalidade, é perder uma identidade... É acabar com a inovação é acabar com o amor ao conhecimento! É formar uma colectânea de marionetas que pouco sabem daquilo que tentaram processar.

É tempo de começarem a pensar em novos sistemas e na mudança!

terça-feira, 2 de julho de 2013

"Asians"

  Gosto bastante de me intrigar e depois de me intrigar gosto de investigar o que está por detrás dessa"intrigação"... Isto porque tenho demasiado tempo livre (ou não,porque até estou em plena época de exames) mas adiante..
  Vou então tentar expor um pouco das minhas intrigas, só porque isto é capaz de me fazer mal se guardar só para mim... Ora bem, a problemática em estudo é "porque raio (aqui, quero salientar o raio) o oriente é uma economia em expansão e o ocidente não, porque raio os asiáticos são dotados de enormes capacidades para a tecnologia, lógica, matemática e nós não?"Primeiro tentei saber o que era igual entre nós (ocidentais) e os orientais para depois tentar perceber as diferenças, andei em busca de pequenos pormenores que pudessem fazer diferença. Mas, enquanto andava a fazer o meu"estudo" reparei que já havia uns estudos semelhantes de outros indivíduos que provavelmente também carecem de sanidade mental; e o estudos deles até faziam sentido e iam de encontro ao que procurava: 

  Eram académicos, da Universidade do Quioto e da Universidade do Michigan, dedicaram anos ao estudo das diferenças de pensamento e perceção entre asiáticos e ocidentais. Uma das experiências, até relativamente famosa. Em que Nisbett (um conceituado professor da Universidade do Michigan) mostrou uma fotografia de um aquário a japoneses e a americanos e lhes pediu para descreverem o peixe maior e mais impressionante do aquário. Os japoneses fizeram sessenta por centro mais referências ao contexto e a elementos da imagem, como a água, as bolhas e as plantas do aquário.
   A conclusão de Nisbett foi que, em geral, os ocidentais centram a sua atenção na ação do indivíduo, enquanto os asiáticos se centram nos contextos e nas relações. A sua proposta é que, pelo menos desde a Grécia Antiga, o pensamento ocidental colocou a ênfase na ação individual, nos traços permanentes do carácter, na lógica formal e em categorias delimitadas. Ao longo de um período ainda maior,o pensamento oriental colocou-a nos contextos, nas relações, na harmonia, no paradoxo, na interdependência e na propagação de influências."Assim", escreve Nisbett, "para um asiático, o mundo é um local complexo, composto  de um contínuo de substâncias, percetível do seu todo e não das suas partes e mais sujeito ao controlo coletivo do que ao controlo individual". Trata-se de uma generalização, mas Nisbett e muitos outros investigadores deram-lhe substância através de resultados e observações experimentais. Os pais de língua inglesa, por exemplo, colocam a ênfase nos nomes e nas categorias quando falam com os filhos; os pais coreanos colocam-na nos verbos e nas relações. Quando se lhes pedira que descrevessem gravações em vídeo de uma complexa cena de aeroporto, os alunos japoneses recordaram mais pormenores do cenário do que os alunos americanos.
  Colocados perante fotografias de uma galinha, uma vaca e de uma zona com erva, tendo-lhes sido pedido que hierarquizassem as três coisas,os alunos americanos destacaram a galinha e a vaca (espero que não tenha havercom o KFC e o Mc Donals) e os chineses, a vaca e a erva, porque logicamente, a vaca come erva e, assim, há uma relação entre elas. Quando lhes foi pedido que descrevessem o seu dia, as crianças americanas com 6 anos fizeram três vezes mais referências a si próprias do que as chinesas. Quando interrogados sobre si próprios, os americanos exageram as razões porque são melhores e se distinguem dos outros, enquanto que os asiáticos exageram os traços de carácter que têm cem comum e as várias formas de interdependência. 

   Assim, a conclusão a que chegamos é que os orientais e os ocidentais usam diferentes padrões de reconhecimento para ver o mundo; ainda que possa ser um pouco generalista, estes factos e experiências podem responder a minha questão inicial... No mundo tudo baseia-se em pormenores e detalhes e as diferenças básicas entre os orientais e ocidentais, que são claramente evidentes, fazem uma grande diferença no dia em que temos de atuar e mostrar quem somos. Por isso da próxima vez que proferirem "Asians" pensem na rigorosa educação e no trabalho de bastidores que tiveram para fazerem o que estão a fazer com tanta arte e perícia.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

A Mente e as suas peripécias

  Ola sejam bem-vindos de volta! Agora que reparo esta intro, se calhar começa a torna-se repetitiva… Mas, fica já aqui prometido que no próximo post entrarei de uma forma mais poética e até arrojada, ou talvez através de um sussurro obscuro revestido de misticidade e de outras associações de palavras giras que façam doer a pensar de forma a parecer super erudito para isto começar a ser um pouco mais interessante e intelectual para quem está aí desse lado.
   Ora bem, quando tenho raros momentos em que me ponho a pensar, questiono-me o que posso fazer pelo mundo e por esta crise. E depois chego algumas conclusões: Já que não posso reduzir o défice externo, já que não posso gerir os capitais acumulados da Alemanha, ou já que não consigo ajudar no regresso aos mercados… deixo-me ficar aqui por estes lados impotentes recheados de obscuridade, sonhos, romances  e utopias. Ignoro os meus afazeres e dedico-me a escrever textos que pouco trazem à realidade actual.
  No seguimento da divagação proponho então abordar coisas “menos” sérias e deixar o mundo real para os políticos brincarem…
   Já tentaram entender a vossa consciência? Desculpem, lancei esta questão só para vos agigantar o raciocínio. Não é fascinante? Enquanto lêem estas palavras é possível que milhões de neurónios estejam freneticamente sussurrando uns com os outros no vosso cérebro e isto deixa-me com um sentimento de poder indescritível. 
    Já que estamos numa de falar da mente se me permitem vou partilhar uma história sobre o quão fascinante é o poder da nossa mente.
 
   A mente humana grava e executa tudo o que lhe é enviado, seja através de palavras, pensamentos ou atos, vossos ou de terceiros, sejam positivos ou negativos, basta que os aceite.                                                                                                                                                                
  Um cientista de Phoenix - Arizona - queria provar esta teoria. Precisava de um voluntário que chegasse às últimas consequências. Conseguiu um que se encontrava numa prisão. Era um condenado à morte que seria executado na prisão de St Louis no estado de Missouri onde existe pena de morte…
     Propôs ao prisioneiro então o seguinte: ele participaria numa experiência científica, na qual seria feito um pequeno corte no seu pulso, o suficiente para gotejar o seu sangue até a última gota final. Ele teria uma chance de sobreviver, caso o sangue coagulasse. Se isso acontecesse, ele seria libertado, caso contrário, ele iria falecer pela perda do sangue, porém, teria uma morte sem sofrimento e sem dor. O condenado aceitou, pois era preferível do que morrer na cadeira eléctrica e ainda teria uma possibilidade de sobreviver.
   O condenado foi colocado numa cama alta, semelhante às dos hospitais e amarraram o seu corpo para que não se movesse. Fizeram um pequeno corte no seu pulso. Abaixo do pulso, foi colocado uma pequena vasilha de alumínio. Foi-lhe dito que ouviria o gotejar do seu sangue na vasilha. O corte foi meramente superficial e não atingiu nenhuma artéria ou veia, mas foi o suficiente para que ele sentisse que seu pulso fora cortado. Sem que ele soubesse, debaixo da cama tinha um frasco de soro com uma pequena válvula. Ao cortarem o pulso, abriram a válvula do frasco para que ele acreditasse que o que estava a cair vasilha de alumínio era pura e simplesmente o seu sangue. Na verdade, era o soro do frasco que gotejava.
   De 10 em 10 minutos, o cientista, sem que o condenado visse, fechava um pouco a válvula do frasco e o condenado pensava que era o seu sangue que estava diminuindo.
   Com o passar do tempo, a cor do prisioneiro foi-se desvaindo e ele parecia cada vez mais fraco. Quando os cientistas fecharam por completo a válvula, o condenado teve uma paragem
cardíaca e faleceu, sem ter perdido sequer uma gota de sangue.
   O cientista conseguiu provar que a mente humana cumpre, ao “pé-de-letra”, tudo o que lhe é enviado e aceite pelo seu hospedeiro, seja positivo ou negativo e que a morte pode ser orgânica ou psíquica.

   Este facto é um alerta para filtramos o que enviamos à nossa mente, pois ela não tem a capacidade de distinguir o real do fantástico, o certo do errado, simplesmente grava e cumpre o que lhe é enviado.
  Concluindo o post e em jeito de moral da história, para qualquer desafio que se lancem levem sempre convosco a velha premissa: "Quem pensa em fracassar, já fracassou mesmo antes de tentar".








domingo, 26 de maio de 2013

Métricas do número 42 que se acha irregular...




































Quando me deito sobre o chão da terra 
E mergulho o olhar no imenso céu azul,
Eu sou uma ilha, e nessa fronteira me limito,
Ainda que morrendo à fome de infinito.

Comove-me a placidez de tudo o que existe...
Este ténue silêncio das coisas do mundo,
Cheio de estático sabor desconhecido!

Para além do nosso universo existem muitos mais
Esta lonjura que eu vejo diviniza-me,
Há qualquer coisa de infinito no que penso
Que bem pode ser aquilo que não alcanço...

Por todo o lado brota exuberante a ordem.
As causas servem de escadas para tudo...
São elas que nos mostram a realidade.

A nostalgia de um mundo remoto e longínquo,
tem na corrente águas límpidas de inocência
Na Procura do pouco crescimento e complacência...
A sua beleza inverte os sentidos à compreensão

Talvez para sempre será a avidez de digerir o mundo...

"Sociedade" o cliché que é giro "clichar"

    Vivemos numa sociedade disfuncional e fictícia... Uma sociedade investida de felicidade irreal, camuflada de aposentos. Andamos a fingir a felicidade adquirindo bens materiais.... Porquê? São mais fáceis de alcançar, não é preciso dar uso à intelectualidade, não é necessário fomentar relações, não é preciso rever escolhas e reconhecer equívocos, não é necessário uma identidade, uma personalidade, não é necessário romper paradigmas sociais... basta escolher o bem, pagar e sair calado... Enquanto um sentimento de felicidade, realização e confiança nos agiganta o ego com adornos gélidos que pouco acrescentam à verdadeira felicidade, sentimento apimentado pela refinada vitamina fútil.
    Chegam a existir pessoas neste mundo tão pobres... Mas tão pobres que a única coisa que têm na sua posse é dinheiro.
    Uns aumentam o volume da TV para que nada ameace o frágil equilíbrio disfuncional doméstico. Outros preferem viver no medo, na dúvida, medo de serem julgados aos olhos de uma sociedade doente... Medo de não conseguirem atingir o estereótipo que a sociedade exige de si. Outros vivem atormentados porque  deixam que o dinheiro corrompa o seu amor a um ofício que ambicionam desde criança. São forçados a seguir caminhos que os acabam por levar a uma rua sem saída... Nesse momento entram em desespero, revoltam-se, perdem o amor à vida, sentem-se frustrados, questionam o porquê de não conseguir atingir o que os outros atingiram. Sem nunca questionar que provavelmente não tinham aptidões para tal ramo...Apenas foram uns infelizes que se deixaram apanhar na onda do "tu um dia tens de ser isto"...
     O sistema académico encontra-se excessivamente organizado, institucionalizado e preocupado com a transmissibilidade unificada de conhecimento. Essas atitudes limitam a formação de pensadores. As grandes ideias surgiram a partir do caos intelectual. Todos os que contribuíram para a expansão da ciência e das ideias humanistas romperam com os paradigmas intelectuais. Experimentaram motins intelectuais, despejaram sem receios a sua tralha intelectual.
Vejo que as sociedades modernas são mudas... Há uma imensa falta de troca de experiências existências e de cooperação mutua... Parece que ajudar um desconhecido ou falar para um desconhecido é um crime aos olhos de quem passa na rua... Um mendigo estabelece mais facilmente uma relação interpessoal afectiva, pois não tem preconceitos socioculturais, não precisa de ostentar um status social ou provar o quer que seja alguém.         Achamos-nos muito inteligentes e cultos mas a ignorância é a mãe do preconceito e atualmente vivemos impregnados no preconceito...
   Vejo essas pessoas que ainda perdem muito da vida porque deixam que algumas moedas de ouro lhes criem uma cegueira nefasta, que as afasta do verdadeiro significado da vida e do seu trabalho... Olhem para eles, só querem subir ao palco para serem aplaudidos, mas poucos querem ensaiar... São artistas de fim-de-semana e autoproclamam-se de deuses, devido ao seu sucesso a curto prazo. Os jovens que se estão a lançar no mercado de trabalho esperam ter nesse mercado uma continuação das suas casas, onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente que tudo lhe concederia…
   A melancolia começa a invadir almas e corações e as pessoas questionam-se porquê? Bem, aparentemente estamos a tornar-nos num curto-circuito fechado que se auto perpetua mutuamente... E parece que não vamos acordar tão cedo. Estamos mergulhados na nossa insignificância.

domingo, 12 de maio de 2013

Wannabe star

    Hoje encontro-me a escrever no meu camarim aveludado, retro com adornos como um crocodilo, uma metralhadora (para o caso de haver algum incidente com o crocodilo) dois bodes para abater, botas á prova de fogo, uma sopa vegetariana, uma tômbola, um ovo de um aviário e uma bela garrafa do vinho torre e ferro do Dão. Se calhar é um bocadinho extravagante, se calhar é um bocadinho hipster… mas não deixa de ser um bom ponto de partida para me tornar numa estrela em ascensão irreverente, agora ando a ver se invisto numa figura exótica e camaleónica para completar a indumentária e juntar-me a um possível paradigma freak, weird, transformar-me num snob, arrogante e usar palavras que nem toda a gente entende e assim conseguir reunir um conjunto de fãs que me garantam um culto ímpar cada vez que me aventurar por terras lusas. Esta é a minha filosofia de trabalho primeiro coloco o sucesso como objetivo só depois procuro a minha epifania e manifesto-me criativamente.  
  Mas existe toda uma receita para ser uma estrela nomeadamente na música que é um mundo que ao que me parece dá algum dinheiro e eu gosto da forma relaxada como vivem os artistas musicais. Primeiro, tenho de ter alguns problemas na vida, andar por aí a bater com a cabeça, acabar mal relações, ser reprimido pela sociedade, criar um lado negro para depois ter algumas temáticas com que me possa inspirar e dar o testemunho na primeira pessoa. Por isso, nestes últimos tempos tenho andado à procura de problemas... tenho andado em busca de emoções e de algumas anfetaminas, para começar mitigar as agruras da vida com ajuda de umas doses de químicos. Queria ver se me lançava o mais rapidamente no mundo artístico… Sinto uma ânsia de fama, queria ser intitulado de Deus, queria sentir aquilo que é ter pessoas ajoelhadas a meus pés e queria atuar nos festivais, porque a-d-o-r-o o ambiente “teen friendly”.
  Até aqui, as coisas até estão bem encaminhadas e definidas mas agora vem a parte difícil, em segundo lugar, tenho de criar uma cultura ou juntar-me a uma. Criar uma cultura dá muito trabalho e exige muito de mim, por isso vou eliminar a primeira opção. Em relação à segunda já pensei enveredar pela subcultura britânica “mod”, mas eu prefiro Beatles a Rolling Stones então acaba por ser inviável. Indie ou mainstream? Isso também acaba por se tornar irrelevante porque esse é um conceito muito ligado ao rock e eu queria alguma coisa mais singular e menos cliché que o “ Rock star”. Pop/rock também não, porque passa nas rádios e as rádios aborrecem-me. Minimalismo psicadélico é demasiado melancólico, dá trabalho e é preciso criatividade para ser  abstrato. Grunge usa roupas giras mas é demasiado desleixado, angustiante e apático… e eu queria -me divertir. Punk é muito agressivo e marginal. Rap e hip-hop podem-me tornar num delinquente e eu queria ser bem visto aos olhos da sociedade. Blues é giro, mas eu não tenho qualquer relação com o estado do Mississippi e dá muito trabalho competir com o Eric Clapton. Ópera é preciso ter umas cordas vocais de extraterrestre. Reggae é boa onda, mas primeiro tinha de começar a ter umas aulas de surf  e eu não tenho tempo agora. Metal é bom, mas barba e cabelo comprido fazem-me comichão. Fado é triste. Música Popular portuguesa também não me parece uma escolha acertada porque não sou apologista do deolindismo pré-histórico.  
   Acho que acabo de chegar a uma conclusão. Isto de ser uma estrela é realmente exaustivo, dá muito trabalho... Eu não tenho muito conteúdo musical, também na minha vida não existem grandes problemas, como até gosto da sociedade, do funcionamento do sistema e preciso de fama rápida, fácil, barata e que me dê muito caché. Acho que a melhor solução é mesmo tornar-me um rival do Bieber e dos One direction… Não deve ser muito difícil, até sou minimamente bem-parecido, agora arranjo uns bons filtros para a minha horrenda voz e umas letras que envolva maquilhagens, babes, cabelos, e versos completamente profundos como “oh oh baby i follow you”.
  Está decidido a partir de hoje vou ser o“ Justino Castor”, o jovem que vai partir corações, o jovem que vai estar tatuado nos corpos, o jovem que vai criar uma religião com milhões de seguidoras, o jovem que vai ser multimilionário, o jovem que vai viver um sonho, "O DEUS"…

terça-feira, 7 de maio de 2013

The XX Lisboa Night + Day


 Foi já no dia 5 de Maio, mas como eu sofro um bocado de preguiça, só agora é que escrevi o testemunho.

 Acabados de editar o álbum “coexist”, The XX orgulham-se de apresentar o "Lisbon Night and Day", o maior e mais ambicioso evento criado pela banda até à data. Lisboa foi a primeira das três cidades anfitriãs do festival, segue-se Berlim e Osterley park, junto a Londres. O Jardim da Torre de Belém foi o local eleito para a ocasião «We searched high and low for a unique and beautiful locations» e realmente o trio Britânico não podia ter escolhido melhor, o rio tejo como pano de fundo e a Torre de Belém a estabelecer o limite entre terra e mar tornaram-se adornos essenciais na calorosa tarde de Maio. Estavam reunidas as condições para ser um Festival memorável, agora faltava as performances culminarem com a paisagem.
   O conceito era simples, o já clássico recinto de Festival, com zona de restauração, casa de banho e dois palcos. A banda procurou convidar para o festival artistas que a banda respeita e admira “The XX e amigos” e não podia ser mais verdade, pois quem ouviu atentamente a atuação de John Talabot e Chromatics facilmente percebeu que são bandas muito próximas dos The XX, como se de parentes se tratassem. A comitiva Lusa também esteve presente: Kalaf, e os Paus que, depois da experiencia no Alive, voltaram animar com a sua máquina rítmica o Sunset, cortando o pouco o ambiente “XXiano” que pairava em Belém. No palco principal atuaram nomes como “Mount Kimbie”, “John Talabot”, “Chromatics” e os anfitriões “The XX”. Estes concertos no palco principal iam alterando com sessões de mixagem no DJ Stand, “tempos mortos” foi algo que não existiu no Festival, um coreto localizado no centro do recinto com Dj´s Set onde passaram nomes como: Xinobi, Jamie XX – o homem sombra dos The XX ou Kim ann foxman – uma DJ Nova-iorquina que já contracenou com os Hercules & Love Affair. Com o cair da noite a paisagem ia se desvanecendo e ia dando lugar ao obscuro, introspectivo e à magia negra que se começava a fazer sentir no palco principal.
  Mount Kimbie, o duo britânico composto por Dominic Maker e Kai Campos, apresentaram a sua imponente electrónica. Fazendo do palco um autêntico laboratório. Uma música repleta de paradoxos e mudanças abruptas. Seguiu-se o espanhol John Talabot, acompanhado pelo conterrâneo Pional, foi responsável por uma tremenda sessão de house a céu aberto. Com a característica percussão digital e um festival de vozes que transformaram algumas faixas em auntenticos hinos pop, e outras em cantos tribais. Chromatics atuaram sensivelmente pelas 21h uma atuação que se centrou no recente trabalho “Kill for Love”, um som muito dado à introspecção e ao obscuro.
  Finalmente chegaram ao palco os tão aguardados The XX, ofereceram aos fãs um concerto assombroso e arrepiante, auxiliados por uma qualidade de som digna de 5 estrelas. Depois de um primeiro disco onde o minimalismo foi levado ao limite, “coexist” abria a janela para um mundo mais ritmado e dançante, durante o concerto houve momentos verdadeiramente dançáveis. Atiraram-se com os temas «Heart skipped a Beat» e « Crystalized», recheados de minimalismo e profundidade. Foi nas músicas mais antigas que as ovações mais se fizeram ouvir. «Shelter» foi vítima de improvisações, de ataques inconscientes por parte da Romy, Oliver e Jamie, fazendo nascer sons e ritmos do silêncio. O encore contou com o «Intro» e «Angels» investidos de energia e robustez. Romy croft e Oliver Sim echem o palco de negro enquanto, que Jamie Smith ou Jamie XX – lá do seu altar de percussão vai enchendo os sons provenientes de uma magnetizante guitarra e do corpulento baixo com o seu ritmo, marcando cada compasso. O som dos The XX era acompanhado por um jogo de luzes, tornando-se numa perfeita harmonia de som e luz ombreando com a aurora boreal. Os agradecimentos e palavras de carinho ao público foram uma constante: “há mais de um ano a tentar fazer isto acontecer… Um sonho tornado realidade”. Parece que Romy perdeu o medo de cantar e Jamie está cada vez mais habilidoso na sua maquinaria, havendo mesmo uma fusão entre o homem, a máquina e o ritmo. Foi num cenário já nostálgico e escuro que The XX abandonaram o palco, deixando nos rostos dos fãs um sentimento de satisfação.
  Para os mais resistentes ainda houve tempo para curtir o resto da noite ao som de James Murphy, o antigo mentor dos LCD Sound System. Enquanto outros abandonavam o recinto e aguardavam impacientemente um táxi.

 E foi assim que terminou o Night and Day em Lisboa, esperamos uma réplica para breve.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

"Avidez" que é como quem diz, Ambição


  O leitor conhece aquele tipo de pessoas que só está bem a dizer mal do nosso país? Essa gente tem um nome, como sabe: chamam-se «portugueses». Este tema daria pano para mangas, mas hoje não me apetece abordá-lo… queria algo mais ambicioso, mas para abordar algo mais ambicioso primeiramente tenho de ser conhecedor do que é a ambição. Portanto permitam-me ter uma profunda incúria sobre ambição.

   A ambição é algo capaz de gerar sonhos, capaz de gerar realidades… capaz de transformar sonhos em realidades. As pessoas ambiciosas têm frequentemente uma visão mais nobre do que talvez possam alcançar. Existe o preconceito comum de que as pessoas ambiciosas são motivadas pelo desejo de ultrapassar os seus pares, de serem melhores do que toda a gente. Na realidade, o que motiva a maior parte das pessoas ambiciosas é o desejo de evoluir-se e de pertencer algum grupo, movimento ou clube exclusivo.
   A ambição é uma ferramenta indispensável para quem quer atingir o progresso e o sucesso.
  Vejamos um caso prático, um estudo realizado por um indivíduo, Gary McPherson em 1977. Ele seleccionou 157 crianças aleatoriamente enquanto escolhiam um instrumento musical e aprendiam a tocá-lo. Algumas delas tornaram-se bons músicos e outras fracassaram. McPherson investigou, então, os traços de cada um para saber a que se devia o progresso de uns e o fracasso de outros. O QI não se revelou um bom indicador. Nem a sensibilidade auditiva, as aptidões para a Matemática, o nível de rendimento ou o sentido de ritmo. O melhor indicador era uma pergunta que McPherson fizera aos alunos antes de optarem por um instrumento: «Quanto tempo julgas que vais tocar» Os alunos que responderam que tocariam durante pouco tempo nunca se tornaram proficientes. As crianças que planeavam tocar durante alguns anos tiveram sucesso modesto. Mas algumas crianças responderam: «Quero ser músico. Vou tocar a vida toda».  Estas crianças triunfaram e tornaram-se em grandes músicos. O sentido de identidade, ambição que as crianças traziam para a primeira lição era o rastilho que desencadeava o progresso futuro.
   Existe aquela opinião dominante que os génios já nascem com uma intervenção divina, com um dom sobrenatural. Mas, os génios constroem-se… Temos o exemplo de Mozart intitulado por muitos de génio. As suas primeiras obras não são, argumentam os investigadores, atos de génio. Em tenra idade era um bom músico é verdade, mas não se distinguia entre os melhores intérpretes contemporâneos. O que o Mozart tinha era algo chamado: Ambição e um anseio por melhorar as suas capacidades, que posteriormente com infinitas horas de treino e prática fizeram com que se torna-se num génio, em alguém que se diferenciava dos meros mortais.
   As pessoas com alto desempenho gastam horas a aperfeiçoar metodicamente o seu trabalho. O fator-chave que separa os génios dos bem-sucedidos não é a inspiração divina, mas sim a capacidade e ambição para se tornarem cada vez melhores ao longo da vida.

sábado, 27 de abril de 2013

O transporte ferroviário ausentou-se momentaneamente, isto em inglês quer dizer mais ou menos "This Train is gone"


"Carlos Miranda era filho de um ourives. Vírgula, ele próprio o era!"
   Olá amigos!
   Provavelmente conhecem-me da têvê, por ter aparecido na têvê i a dançar ao som de Quim Barreiros há cerca de dez anos no Jardim Zoológico. Ou quando apareci na érre têpê dois, a jogar ténis numa iniciativa do Desporto Escolar, isto há cerca de cinco anos. Talvez me conheçam por ter feito um poema para o jornal da minha terra acerca da Natividade. Também há a hipótese de não me conhecerem que, convenhamos, é a mais provável.
  Já disseram que sou um gajo inteligente. Há quem diga que sou um gajo fixe, cerca de uma mão-cheia de pessoas. A minha mãe diz-me que eu sou bonito. Por isso presumo que a minha existência tenha algum efeito na vida das pessoas. Ou não. Estes factos não corroboram nada. Embora pense que influencie tanto as pessoas como elas me influenciam a mim. Mas isso fica para outra publicação. Ou não. Prosseguindo.
  Convidaram-me para escrever nesta plataforma não sei bem porquê, já que a minha escrita é um bocado parva visto que tenho demasiados apartes, faço frases demasiado compridas e faço comparações que não têm nada a ver. Tipo o Segurado. Vá, esta teve. Só aceitei escrever aqui porque estou aborrecido. Estou frequentemente aborrecido.
   Mas é quando viajo de comboio que fico francamente aborrecido. É que eu estudo em Lisboa e vou para casa quase todos os fins-de-semana. E aquela hora e meia de viagem parece quase uma hora e quarenta e cinco minutos. Vá, nas primeiras vezes era giro, apreciar a paisagem que se formava ao longo da viagem, a evolução, a passagem de plantações de uma coisa que eu não sei o que é para outra coisa que também não sei o que é, intercaladas por uma indústria de alguma outra coisa.
   Depois apercebi-me que podia olhar para o outro lado do comboio e que havia uma outra paisagem, mais ou menos semelhante à anterior. Depois lembrei-me de olhar para as pessoas que viajavam comigo. As raparigas histéricas que voltavam da faculdade e discutiam quem ficou mais fodida (e quem foi mais fodida) na noite anterior. Casais de velhinhos que provavelmente foram fazer alguma análise importante à capital, porque não há meios para essas análises nas suas terrinhas. Ou só pessoas de meia-idade que dormiam, olhavam para a paisagem, olhavam para a frente, enquanto ouviam música, olhavam para um livro. Enquanto liam esse mesmo livro. Suponho. É a única coisa que me dá consolo nesta hora e meia, olhar para as pessoas. Nunca são as mesmas. Mesmo sem falar com elas, sem as conhecer. A paisagem, essa, é sempre a mesma. E é só isso que me aborrece: a paisagem ser a mesma.
   Quero apanhar um comboio para um sítio qualquer, desde que a paisagem seja diferente. E depois outro. E depois outro. Enquanto ouço Kings of Convenience e Frankie Chavez. E chegar ao fim da viagem a sentir-me feliz com alguma coisa. Bem indefinida. Mas sentir-me feliz.
   Devia ter desenvolvido mais este fim, visto que era a ideia principal desta publicação. Bem, que se foda. Sim, isto acabou assim.

[Carlos Miranda]

sexta-feira, 26 de abril de 2013

"Big Trolhada"


 Sejam bem-vindos, antes de escrever este texto estive bastante indeciso entre descrever pormenorizadamente o nascimento de um leitãozinho, ou abordar todo o magnetizante mundo que circunda em volto do célebre programa intitulado “Big Brother”. Perante este dilema coloquei os temas numa tômbola e o resultado final para o tema deste post foi: “Big Brother”.

   Pois bem, eu até estava a tentar não tocar neste assunto, nem dar atenção, mas a minha incredulidade já estava a destruir a estratosfera e estava com receio de afundar brevemente o mundo inteiro na negrura.
Adoro reality shows e também adoro livros, acho que acabei de contribuir para o aparecimento de mais uma sarda na face de Morgan Freeman, por ter juntada na mesma frase dois termos completamente antagónicos…
  Mas adiante, o que eu acho mesmo piada é criar uma casa “isolada” do mundo, colocar para lá prisioneiros desprovidos de qualquer tipo de inteligência (isto, pelo o que pude inferir) e incitá-los a narrações de aventuras, dramas e conversas da távola, com o intuito de retratar a vida real, isto 24h por dia, durante 3 meses.
   Eu até podia fazer uma descrição pormenorizada do programa e se calhar isto até podia ser mais interessante para o leitor, mas torna-se numa sangrenta aventura para o meu raciocínio assistir a 5 minutos daqueles “duelos entre desconhecidos”. Eu até julgava, que essa espécie de conduta era coisa exclusiva de crianças. Mas, noto que estou na presença de entusiastas que praticam o jogo com afinco e outros que o seguem orgulhosamente, quase a chegar à maioria nacional e depois?
    Depois caros amigos, contribuem para que eu gere crises existenciais… Começo a reflectir sobre quem eu sou, o que faço aqui, como aqui vim parar, e por vezes chego à conclusão que talvez seja um extraterrestre. E isto… isto aborrece-me profundamente.
    Portugal anda embebido num profundo vazio… Vejo por aí multidões a queixarem-se dos Governos, das políticas, do “mau” funcionamento do País. Muitas delas sem ter qualquer tipo de noção da realidade-realidade, não da realidade que passa na televisão. Poucos se atrevem a olhar para si próprios e para o contributo que têm dado à nação.
   O estado deplorável do nosso País começa com estes “pequenos” pormenores, pois aproximadamente metade da população está a ver atentamente um programa que possivelmente tem 0,5% de educativo mas 99,5% de cativante. Enquanto isto acontece, uns belos manuscritos vão-se suicidando. Portugal ainda tem de crescer e é preciso mudança.
  Falta vontade de mudança, vontade de reinvenção. Criam-se palavras de ordem, slogans, faz-se agenciamento colectivo “I work to buy a car to go to work” tudo isto é de um profundo vazio. Leitores mais sensíveis perdoem-me a minha opinião e “reactividade” mas sinceramente acho que estamos a tornar-nos num curto-circuito fechado que se auto perpetua mutuamente. 

sábado, 20 de abril de 2013

Revoltação


(Os leitores demasiado «sérios» devem abster-se…)

   Hoje o Pseudo-Presságio esteve a funcionar com a ajuda de uma dose extra de vitaminas, chegadas por teletransporte desse fantástico Planeta povoado pelos poderosos berros do Screamo.

   (E neste momento acabei de avistar um urso na minha varanda a trautear o hino nacional... que acabou de me cortar completamente o raciocínio… ou seria um triângulo cromático com pêlo?)
  Bem, mas "pegando" no urso, são em momentos como este que questões profundas me invadem a alma… questões como: “ E se parássemos de respirar morríamos?”
   Ok, o grau de divagação neste post começa roçar o limite da demência. Mas, a divagação é gira, é uma actividade extremamente bela deixar soltar por breves momentos a nossa mente, levá-la a passear ou deixar-nos ser passeados por sítios que não sabemos, mas talvez um dia saibamos… Transportar-nos para uma viagem alucinante, cheia de condensação, objecção, criação e ficção onde tudo o que parece não é.
 
  Isto até está a ser giro, mas está a ficar na minha hora, vou deixar-vos agora um momento a sós com a minha consciência, porque combinei ir brincar aos puzzles para o IKEA e está a ficar tarde. Até ao próximo post. (cuidado que ela é um bocado reativa e aleatória) 
"Ola tudo bem?, eu não sei o que ele estava para aqui pensar ao certo, até porque não nos entendemos muito bem... mas com tanto “-ão” lembrei-me daquilo a que vocês chamam Frustração, segundo sei, esse é um método utilizado para questionar o porquê de não conseguir atingir o que os outros atingem e afirmar frequentemente que a fraude e roubo são os ingredientes secretos da receita para o sucesso alheio…
  Mas depois temos os indivíduos que criticam, por exemplo o Nazismo, consideram-se infinitamente superiores às aberrações do Nazismo, e detestam sinceramente todas as suas manifestações, no entanto concorrem em simultâneo para ideias cuja, a realização levaria directamente à detestada tirania.
  É tudo isto que me aborrece e a falta da canonização de Luís Vaz de Camões, pobre vítima de uma façanha oftalmológica, sofria daquela doença da poesia profana e ainda era um condenado à temática amorosa. É só um símbolo de identidade da nossa pátria e é uma referência para toda a comunidade lusófona internacional…
  Mas sabe o que lhe digo? O problema vai sempre dar às estrelas… A culpa disto tudo é delas, desde o ouro que existe na terra, o ferro que ergue a Torre Eiffel, ao ferro que circula no vosso sangue ou até a mais ínfima molécula que dá forma ao que vocês são. Foi formado no interior de alguma estrela há já algum tempinho. 
  Eu não sei se o leitor nutre da mesma opinião, mas proponho uma manifestação com consequente greve geral para um dia a combinar (porque às vezes tenho ginásio e não me dá muito jeito) contra essa massa infame de astros denominados “Estrelas”, porque isto assim não pode continuar. Se fossem espertas metiam os olhos na Lua que não chateia ninguém e vai fazendo à mesma a sua vida." 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Profundidade Intestinal


Olá caros amigos e amigas (a nossa bela história dura há já algum tempo, tanto tempo que roça o estatuto de epopeia e por isso julgo ser adequado tratar o leitor (ou leitores, com sorte) com uma outra afabilidade à qual não, de todo, habituados). Sendo vós assíduos seguidores (reparem na posição positiva tomada por eu), irão aperceber-se que não é o pseudo-presságio o autor desta colocação (não percebo o porquê do nome, podia chamar se Martim ou José mas enfim), contudo faço votos de que gostem em igual proporção.
Pois bem, agora que está feita a introdução, gostaria de chamar a atenção para um aspeto um tanto quanto curioso: fezes. Sim, pode soar ridículo, mas sim, fezes, excrementos, cocó, merda, escória, individualidades concretas (piada fácil), que no fundo são uma parte da nossa vida à qual não damos o devido valor.
Desde muito cedo que a Humanidade se apercebeu de que a matéria pútrida resulta muito bem como fertilizante, otimizando exponencialmente os métodos e produtividade agrícolas. Por outro lado, os antigos (povo sábio esse) utilizavam o designado “Album graecum”, ou em língua de gente, cocó de cão, seco para o tratamento de feridas e, com o auxilio de mel, de inflamações respiratórias sob a forma de uma infusão, que é o mesmo que dizer, chá de fezes de cão, e mel. Espantoso não é?
Agora, efetuando um salto espacio-temporal no tempo e no espaço, chegámos à atualidade. As fezes ocupam um lugar muito importante na sociedade atual: o seu papel na agricultura mantém-se, e na saúde a análise de fezes é já um criterioso e eficiente método de rastreio de doenças como o cancro do cólon, bem como tantas outras (não me apetece enumerar mais, se quiserem procurem, têm essa liberdade, não vos posso obrigar a limitarem-se àquilo que vos é dado). Para além disso, acrescentam-se novos propósitos ao senhor castanho, como o da indústria do papel da Indonésia, na qual serve de matéria-prima. E para terem uma (ainda maior) noção do fascinante mundo do cagalhão, existem hambúrgueres produzidos a partir de cocó, não é maravilhoso? E se isto não é suficiente para vos convencer de que o excremento veio para ficar, desde já fiquem a saber que existe uma ciência que estuda precisamente este fenómeno cheio de potencial, a Coprologia, cujos praticantes estabeleceram inclusivamente uma escala de classificação de fezes (Escala de Meyers). E se é alvo de estudo científico, tem de ser importante não é?
E é precisamente por isso que considero ser de fulcral importância pensarmos (com tempo, pois isto não é assunto para ser tratado com leviandade) sobre a nossa saúde e do próximo, tendo a delicadeza de inserir, no rotineiro discurso de bons dias, a frase: “como está o teu trânsito/flora intestinal?” (novamente sou permissivo para convosco). E falando de ritos sociais, um último facto sobre a temática: existe uma rede social, de origem alemã, cujo propósito último é o esclarecimento e intercâmbio de conhecimento quanto aos produtos de excreção de cada um. Se estiverem interessados em se inserir, deixo o link http://my.microbes.eu/. Basta doarem dois mil euros, inscreverem-se, mandar um cocozito pelo correio et voilá.
E pronto, tendo acabado de falar deste tema de merda (trocadilhos), deixo-vos com as vossas reflexões… Talvez um dia volte para escrever sobre outro tema igualmente cativante, mas só o tempo o dirá, e desde já agradeço o tempo despendido na leitura desta minha diarreia cerebral, e deixo-vos dois pedidos: 1º - não menosprezem o fruto de tão árduo trabalho metabólico do vosso organismo, oiçam o que ele tem para dizer a cada um… E 2º - não deixem de seguir o pseudo-presságio por tamanha insurreição da minha parte contra o nível de qualidade literária estabelecido. Se não são os usuais devoradores vorazes do profundo conhecimento da metafísica da vida que este blog derrama sobre vós, então aconselho a tornarem-se em tal, pois é um blog muito jeitoso, isento de clamídia.
[Samuel Marques]

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Agrura


      Sejam bem-vindos de volta, hoje sinto-me no dever de partilhar uma opinião pessoal com o leitor.

   Não posso deixar de reparar, que a sociedade tem andado mergulhada num profundo desalento,  decepção, depressão, melancolia, agonia e crise… Crise, essa palavra que aflige almas e corações. Um dos  principais problemas é a falta de interpretação e compreensão por parte das pessoas, em relação à crise. Ainda temos aquela esperança, que daqui a uns anos tudo voltará a ser como era. Mas não, isso é incorrecto e ultrapassa a ideia de utopia. Uma crise é uma mudança e devemos estar cientes disso mesmo, pouco voltará a ser como antes. Cabe a nós mesmos acompanhar essa mudança.
        É nos momentos de crise, seja ela qual for, que a divindade surge. A nossa melhor luz só brilha quando atingimos a obscuridade, a luz que emerge das trevas tem uma beleza e claridade ímpares. A dor da depressão, o sofrimento tem de ser usada como vitamina para provarmos a nossa existência, num mundo cada vez mais caótico. É necessário inaugurar paulatinamente a nossa aurora intelectual. Transformar os pensamentos negativos em energias puras, emoções livres de preconceitos. Acima de tudo, a nossa vida precisa de motivação e ambição. Não podemos cair no desalento, se o corpo manifestar a mesma atitude durante muito tempo, a mente começa adotá-la.
     Ao longo dos tempos podemos concluir que as pessoas ultramotivadas foram frequentemente afligidas por um profundo sentido de perigo existencial. Os historiadores há muito notaram que uma espantosa percentagem de grandes escritores, músicos, artistas, líderes experimentaram o abandono, a morte, a devassidão, a crise existencial. A lista inclui George Washington, Jefferson, Hamilton, Lincoln, Hitler, Gandhi, Estaline. Temos também o exemplo de Bethoven surdo e um portador daquela dramática doença: coração partido. Como podem ver, não há falta de exemplos.
      As pessoas altamente ambiciosas possuem, muitas vezes, um talento precoce que lhes dá a sensação e a paixão pela distinção. Não tem de ser um grande talento – talvez fossem os melhores oradores da turma do 5º ano, talvez estivessem entre os melhores matemáticos da sua terra. Mas era suficiente para que a realização pessoal se tornasse um grão da sua identidade. As pessoas ambiciosas têm frequentemente uma visão mais nobre do que talvez possam alcançar. 
   E é nestes momentos que devemos amar a nós próprios, e por em prática as nossas virtudes, quem o consegue fazer facilmente atinge o sucesso e a plenitude.
   
   Tudo começa quando ainda somos crianças, cabe a cada pai, ou tutor, saber começar a impingir estas ideias no subconsciente de uma criança. Uma criança de nove anos não precisa de ter um iPhone, ela precisa de ser amada.
   
    E se encurtássemos a frieza? Não seria tudo muito mais fácil, caloroso e intenso? A beleza única e o sentimento de segurança e conforto, que deve ser para uma criança ver os seus pais brincarem como se de dois pobres adolescentes e apaixonados se tratassem.
   Vivemos numa sociedade moderna muda e profundamente egoísta. Há uma imensa falta de trocas e experiências existenciais. Tanto o diálogo interpessoal, como o autodiálogo estão empobrecidos. Se repararem, um mendigo estabelece mais facilmente uma relação interpessoal afectiva, pois não tem preconceitos socioculturais, não precisa de ostentar um status ou provar o quer que seja a alguém.
     Muitos apenas querem subir aos palcos para serem aplaudidos, mas poucos querem ensaiar… Parecem artistas de fim-de-semana. Outros, autoproclamam-se de Deus. Só para ter aquele sentimento de ver os outros ajoelharem-se aos seus pés. Mas tudo isto não passa de uma ilusão, no final estas pessoas acabam na solidão e no sofrimento. Somente, porque umas pequenas moedas de ouros e o sucesso a curto prazo lhe criam uma cegueira nefasta, que as afasta do verdadeiro significado da vida, do amor e do seu trabalho.
    
    A festa, o faz-de-conta, os encontros, as aventuras, desventuras, os dramas, os mistérios, o trabalho, os enganos, as tentativas e o romancismo ainda não acabaram. Mas daqui em diante, há que aproveitar a fugacidade da vida, há que renascer nas outras pessoas, partilhar, deixar desbundar o espírito inquieto e provocador, caminhar nos terrenos que apenas são explorados por românticos e acima de tudo partilhar, despertar as mentes, comer a estrutura social, exaltar o indivíduo e a sua subjectividade.

domingo, 7 de abril de 2013

Química da Vida


   Estava aqui sentado ao meu altar de mármore branco italiano, quando me coloquei a pensar, sim eu uma vez por semana faço o exercício de pensar por 10 minutos. E cheguei à conclusão que sou um estudante de Ciências Farmacêuticas e no entanto nunca escrevi um texto correlacionado com a minha área, estranho…   Bom por isso, vou tentar mostrar aos possíveis leitores, que a química não é assim tão aborrecida e até pode ser interessante. Pois existe muita química escondida no nosso dia-a-dia.

    Se existe substância química no mundo merecedora de uma palma de ouro por parte do ser Humano, essa substância é a dopamina. Este texto será uma pseudo-Ode à dopamina.
   A dopamina é um neurotransmissor monoaminérgico, ela está envolvida no controle de movimentos, aprendizagem, humor, emoções, cognição, sono e memória. É uma substancia com função estimulante do sistema nervoso central. Uma desregulação da dopamina pode levar ao aparecimento de doenças como o Parkinson ou Esquizofrenia.
    Vamos agora viajar até Àfrica, onde tudo terá começado há uns milhões de anos. Andavam os nossos antepassados nas árvores, comendo folhas e frutos, quando o clima mudou. Claro, sequencialmente e ao longo de milhares de anos. Mas tudo começou com uma mudança de clima, este promoveu a desertificação e, por causa disso, os habitantes das àrvores viram-se forçados a descer e procurar novas formas de alimentação e de sobrevivência. Terão começado a comer raízes tuberculosas, o que lhes aumentou o teor de hidratos de carbono na dieta. Depois começaram alimentar-se de pequenos animais, passando de seguida animais maiores, houve uma mudança alimentar, ficando definitivamente omnívoros. Esta mudança provocou múltiplas alterações na estrutura do corpo e nos hábitos destas sociedades. No sangue passaram a circular novas substâncias provenientes desta nova dieta, uma delas foi: a tirosina, o percursor da dopamina. Esta teve uma extrema importância naquilo que somos hoje, e talvez se não existisse a dopamina provavelmente eu não estaria aqui a escrever este texto e o leitor não teria a honra de o estar a ler confortavelmente em casa. Porque estas substâncias foram essenciais para o desenvolvimento da postura erecta, o domínio dos membros inferiores, para a deslocação e a libertação das mãos uma importantíssima ferramenta que permitiu desenvolver outras competências.
    A dopamina está também relacionada com um complexo fenómeno neurobiológico denominado AMOR, baseado em atividades cerebrais que incluem o desejo, confiança, o prazer e a recompensa. Este é envolvido por uma série de mensageiros químicos, na verdade quando duas pessoas estão apaixonadas existe mesmo química entre elas. Um dos compostos químicos que afecta diretamente o nosso comportamento no amor é a nossa amiga dopamina. A dopamina é a substância que nos faz sentir felizes, realizados, preenchidos e até um pouco tolos.
   Outra presença da dopamina no nosso dia-a-dia é nos vícios, por exemplo o tabaco. Infelizmente, a dopamina é a susbtância, que tem uma grande quota-parte na dificuldade de deixar de fumar e nos sintomas de irritabilidade ligados ao tabaco. O tabaco é rico em nicotina, essa substância estimula a produção de dopamina, a mediadora química que ativa os centros de prazer do cérebro. Sem a nicotina, o cérebro recebe menos dopamina. Para compensar, o organismo produz mais noradrenalina. Uma substância responsável pelo nervosismo e irritabilidade que se sentem quando alguém pára de fumar.
    E é desta forma, que quero dar um muito obrigado a dopamina, por aquilo que ela é e por aquilo que ela nos tem feito ao longo destes anos. Tem os seus altos e baixos, tanto é a substância que nos faz estar irritados,  como é a substância que nos faz sentir realizados e preenchidos Esteve connosco desde o princípio e connosco morrerá, uma verdadeira companheira para a vida.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Dizem que é um "Cavalo branco"


    Bem-vindos de volta! Primeiro que tudo vamos deixar-nos de dramas e melancolias poéticas e passar à discussão do que realmente interessa. O tema que vai aqui ser exposto tem vindo abalar a sociedade há décadas.
  Unicórnios! Não, não é a delinquência juvenil, as crises económicas, políticas ou até mesmo as guerras, o problema deste mundo são mesmo os Unicórnios e ninguém fala nisto. Não sei se o leitor nutre da mesma opinião, também se não for da sua opinião pode sentir-se descansado e aliviado, porque provavelmente ainda é portador de uma sanidade mental minimamente saudável.

  Foi acerca de 5000 anos, emergiu na cultura europeia a descrição deste animal novo. Era em tudo semelhante a um cavalo branco, mas da sua cabeça emergia um corno único, mediano e ereto. É difícil de perceber como terá nascido esta ideia na mitologia pagã antiga, certamente um jovem cavaleiro terá comido umas bagas “estragadas” e o resultado é este tormento e imponente animal que está à (vista) de todos.
  A verdade é que este animal mítico foi completamente integrado no conhecimento da Europa medieval, como símbolo até do Cristianismo de tal forma que ilustra as armas dos reis da Escócia desde a sua origem.
  A juntar a este animal temos, por exemplo, o Pégaso, o cavalo com asas da mitologia grega. Eu não sei, mas provavelmente naquela altura havia uns pós estranhos a circular pelo ar. Mais um fruto das fantasias mentais ou não…
  A parte gira disto tudo, é que podemos verificar como é fácil introduzir uma ideia na mente humana, ainda que seja, um tanto ao quanto, absurda. Nunca vi um unicórnio, mas já li sobre ele, já vi imagens e desenhos e até já o vi em movimento na televisão e no cinema. Se pesquisar no Google a palavra “Unicórnio”, encontraremos cerca de 6 milhões de entradas. O facto de estes animais existirem ou não é irrelevante para a minha vida de relação com o mundo. Mas há qualquer coisa que nos faz crer que existe de facto, Unicórnios .
  Devemos isso à fé que temos nas fontes de informação, especialmente na televisão. A construção dessa fé dá-se pela repetição de uma ocorrência, o que acaba por criar a sua familiaridade. É interessante como o cérebro atua com o reconhecimento precoce e aceitação. Há quem garanta que os Americanos nunca pisaram solo Lunar e há quem diga que o Hugo Chavez não morreu de cancro. E isto nada tem haver com inteligência: para um determinado indivíduo, a verdade é aquilo em que acredita. E aquilo em que acreditamos é aquilo que os moldes do nosso cérebro fazem com que acreditemos, claro está, entulhados e empurrados subtilmente e inconscientemente pelos meios de comunicação.
  Com este texto apenas quero apelar ao Leitor para deixar desbundar o seu espírito crítico e não se deixar ficar com o já clássico papel de fantoche. 

quarta-feira, 27 de março de 2013

Samurai da lógica


De animalesco tem tudo,
vem preencher o vazio
um sentimento bicudo
que depressa se torna sombrio.

Quando o auge é atingido,
tu soltas o teu ser
um ser incompreendido,
que volta a renascer.

O alívio é momentâneo
Depressa se funde da tua mente
Como é que algo tão espontâneo
se pode tornar tão oprimente?

E depressa termina
essa fome tremenda
como uma dose de cocaína
que nada ostenta.



Vai-se tornando num sonho de fascistas superficiais
por onde caminhas nas redes sociais…