sábado, 27 de abril de 2013

O transporte ferroviário ausentou-se momentaneamente, isto em inglês quer dizer mais ou menos "This Train is gone"


"Carlos Miranda era filho de um ourives. Vírgula, ele próprio o era!"
   Olá amigos!
   Provavelmente conhecem-me da têvê, por ter aparecido na têvê i a dançar ao som de Quim Barreiros há cerca de dez anos no Jardim Zoológico. Ou quando apareci na érre têpê dois, a jogar ténis numa iniciativa do Desporto Escolar, isto há cerca de cinco anos. Talvez me conheçam por ter feito um poema para o jornal da minha terra acerca da Natividade. Também há a hipótese de não me conhecerem que, convenhamos, é a mais provável.
  Já disseram que sou um gajo inteligente. Há quem diga que sou um gajo fixe, cerca de uma mão-cheia de pessoas. A minha mãe diz-me que eu sou bonito. Por isso presumo que a minha existência tenha algum efeito na vida das pessoas. Ou não. Estes factos não corroboram nada. Embora pense que influencie tanto as pessoas como elas me influenciam a mim. Mas isso fica para outra publicação. Ou não. Prosseguindo.
  Convidaram-me para escrever nesta plataforma não sei bem porquê, já que a minha escrita é um bocado parva visto que tenho demasiados apartes, faço frases demasiado compridas e faço comparações que não têm nada a ver. Tipo o Segurado. Vá, esta teve. Só aceitei escrever aqui porque estou aborrecido. Estou frequentemente aborrecido.
   Mas é quando viajo de comboio que fico francamente aborrecido. É que eu estudo em Lisboa e vou para casa quase todos os fins-de-semana. E aquela hora e meia de viagem parece quase uma hora e quarenta e cinco minutos. Vá, nas primeiras vezes era giro, apreciar a paisagem que se formava ao longo da viagem, a evolução, a passagem de plantações de uma coisa que eu não sei o que é para outra coisa que também não sei o que é, intercaladas por uma indústria de alguma outra coisa.
   Depois apercebi-me que podia olhar para o outro lado do comboio e que havia uma outra paisagem, mais ou menos semelhante à anterior. Depois lembrei-me de olhar para as pessoas que viajavam comigo. As raparigas histéricas que voltavam da faculdade e discutiam quem ficou mais fodida (e quem foi mais fodida) na noite anterior. Casais de velhinhos que provavelmente foram fazer alguma análise importante à capital, porque não há meios para essas análises nas suas terrinhas. Ou só pessoas de meia-idade que dormiam, olhavam para a paisagem, olhavam para a frente, enquanto ouviam música, olhavam para um livro. Enquanto liam esse mesmo livro. Suponho. É a única coisa que me dá consolo nesta hora e meia, olhar para as pessoas. Nunca são as mesmas. Mesmo sem falar com elas, sem as conhecer. A paisagem, essa, é sempre a mesma. E é só isso que me aborrece: a paisagem ser a mesma.
   Quero apanhar um comboio para um sítio qualquer, desde que a paisagem seja diferente. E depois outro. E depois outro. Enquanto ouço Kings of Convenience e Frankie Chavez. E chegar ao fim da viagem a sentir-me feliz com alguma coisa. Bem indefinida. Mas sentir-me feliz.
   Devia ter desenvolvido mais este fim, visto que era a ideia principal desta publicação. Bem, que se foda. Sim, isto acabou assim.

[Carlos Miranda]

sexta-feira, 26 de abril de 2013

"Big Trolhada"


 Sejam bem-vindos, antes de escrever este texto estive bastante indeciso entre descrever pormenorizadamente o nascimento de um leitãozinho, ou abordar todo o magnetizante mundo que circunda em volto do célebre programa intitulado “Big Brother”. Perante este dilema coloquei os temas numa tômbola e o resultado final para o tema deste post foi: “Big Brother”.

   Pois bem, eu até estava a tentar não tocar neste assunto, nem dar atenção, mas a minha incredulidade já estava a destruir a estratosfera e estava com receio de afundar brevemente o mundo inteiro na negrura.
Adoro reality shows e também adoro livros, acho que acabei de contribuir para o aparecimento de mais uma sarda na face de Morgan Freeman, por ter juntada na mesma frase dois termos completamente antagónicos…
  Mas adiante, o que eu acho mesmo piada é criar uma casa “isolada” do mundo, colocar para lá prisioneiros desprovidos de qualquer tipo de inteligência (isto, pelo o que pude inferir) e incitá-los a narrações de aventuras, dramas e conversas da távola, com o intuito de retratar a vida real, isto 24h por dia, durante 3 meses.
   Eu até podia fazer uma descrição pormenorizada do programa e se calhar isto até podia ser mais interessante para o leitor, mas torna-se numa sangrenta aventura para o meu raciocínio assistir a 5 minutos daqueles “duelos entre desconhecidos”. Eu até julgava, que essa espécie de conduta era coisa exclusiva de crianças. Mas, noto que estou na presença de entusiastas que praticam o jogo com afinco e outros que o seguem orgulhosamente, quase a chegar à maioria nacional e depois?
    Depois caros amigos, contribuem para que eu gere crises existenciais… Começo a reflectir sobre quem eu sou, o que faço aqui, como aqui vim parar, e por vezes chego à conclusão que talvez seja um extraterrestre. E isto… isto aborrece-me profundamente.
    Portugal anda embebido num profundo vazio… Vejo por aí multidões a queixarem-se dos Governos, das políticas, do “mau” funcionamento do País. Muitas delas sem ter qualquer tipo de noção da realidade-realidade, não da realidade que passa na televisão. Poucos se atrevem a olhar para si próprios e para o contributo que têm dado à nação.
   O estado deplorável do nosso País começa com estes “pequenos” pormenores, pois aproximadamente metade da população está a ver atentamente um programa que possivelmente tem 0,5% de educativo mas 99,5% de cativante. Enquanto isto acontece, uns belos manuscritos vão-se suicidando. Portugal ainda tem de crescer e é preciso mudança.
  Falta vontade de mudança, vontade de reinvenção. Criam-se palavras de ordem, slogans, faz-se agenciamento colectivo “I work to buy a car to go to work” tudo isto é de um profundo vazio. Leitores mais sensíveis perdoem-me a minha opinião e “reactividade” mas sinceramente acho que estamos a tornar-nos num curto-circuito fechado que se auto perpetua mutuamente. 

sábado, 20 de abril de 2013

Revoltação


(Os leitores demasiado «sérios» devem abster-se…)

   Hoje o Pseudo-Presságio esteve a funcionar com a ajuda de uma dose extra de vitaminas, chegadas por teletransporte desse fantástico Planeta povoado pelos poderosos berros do Screamo.

   (E neste momento acabei de avistar um urso na minha varanda a trautear o hino nacional... que acabou de me cortar completamente o raciocínio… ou seria um triângulo cromático com pêlo?)
  Bem, mas "pegando" no urso, são em momentos como este que questões profundas me invadem a alma… questões como: “ E se parássemos de respirar morríamos?”
   Ok, o grau de divagação neste post começa roçar o limite da demência. Mas, a divagação é gira, é uma actividade extremamente bela deixar soltar por breves momentos a nossa mente, levá-la a passear ou deixar-nos ser passeados por sítios que não sabemos, mas talvez um dia saibamos… Transportar-nos para uma viagem alucinante, cheia de condensação, objecção, criação e ficção onde tudo o que parece não é.
 
  Isto até está a ser giro, mas está a ficar na minha hora, vou deixar-vos agora um momento a sós com a minha consciência, porque combinei ir brincar aos puzzles para o IKEA e está a ficar tarde. Até ao próximo post. (cuidado que ela é um bocado reativa e aleatória) 
"Ola tudo bem?, eu não sei o que ele estava para aqui pensar ao certo, até porque não nos entendemos muito bem... mas com tanto “-ão” lembrei-me daquilo a que vocês chamam Frustração, segundo sei, esse é um método utilizado para questionar o porquê de não conseguir atingir o que os outros atingem e afirmar frequentemente que a fraude e roubo são os ingredientes secretos da receita para o sucesso alheio…
  Mas depois temos os indivíduos que criticam, por exemplo o Nazismo, consideram-se infinitamente superiores às aberrações do Nazismo, e detestam sinceramente todas as suas manifestações, no entanto concorrem em simultâneo para ideias cuja, a realização levaria directamente à detestada tirania.
  É tudo isto que me aborrece e a falta da canonização de Luís Vaz de Camões, pobre vítima de uma façanha oftalmológica, sofria daquela doença da poesia profana e ainda era um condenado à temática amorosa. É só um símbolo de identidade da nossa pátria e é uma referência para toda a comunidade lusófona internacional…
  Mas sabe o que lhe digo? O problema vai sempre dar às estrelas… A culpa disto tudo é delas, desde o ouro que existe na terra, o ferro que ergue a Torre Eiffel, ao ferro que circula no vosso sangue ou até a mais ínfima molécula que dá forma ao que vocês são. Foi formado no interior de alguma estrela há já algum tempinho. 
  Eu não sei se o leitor nutre da mesma opinião, mas proponho uma manifestação com consequente greve geral para um dia a combinar (porque às vezes tenho ginásio e não me dá muito jeito) contra essa massa infame de astros denominados “Estrelas”, porque isto assim não pode continuar. Se fossem espertas metiam os olhos na Lua que não chateia ninguém e vai fazendo à mesma a sua vida." 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Profundidade Intestinal


Olá caros amigos e amigas (a nossa bela história dura há já algum tempo, tanto tempo que roça o estatuto de epopeia e por isso julgo ser adequado tratar o leitor (ou leitores, com sorte) com uma outra afabilidade à qual não, de todo, habituados). Sendo vós assíduos seguidores (reparem na posição positiva tomada por eu), irão aperceber-se que não é o pseudo-presságio o autor desta colocação (não percebo o porquê do nome, podia chamar se Martim ou José mas enfim), contudo faço votos de que gostem em igual proporção.
Pois bem, agora que está feita a introdução, gostaria de chamar a atenção para um aspeto um tanto quanto curioso: fezes. Sim, pode soar ridículo, mas sim, fezes, excrementos, cocó, merda, escória, individualidades concretas (piada fácil), que no fundo são uma parte da nossa vida à qual não damos o devido valor.
Desde muito cedo que a Humanidade se apercebeu de que a matéria pútrida resulta muito bem como fertilizante, otimizando exponencialmente os métodos e produtividade agrícolas. Por outro lado, os antigos (povo sábio esse) utilizavam o designado “Album graecum”, ou em língua de gente, cocó de cão, seco para o tratamento de feridas e, com o auxilio de mel, de inflamações respiratórias sob a forma de uma infusão, que é o mesmo que dizer, chá de fezes de cão, e mel. Espantoso não é?
Agora, efetuando um salto espacio-temporal no tempo e no espaço, chegámos à atualidade. As fezes ocupam um lugar muito importante na sociedade atual: o seu papel na agricultura mantém-se, e na saúde a análise de fezes é já um criterioso e eficiente método de rastreio de doenças como o cancro do cólon, bem como tantas outras (não me apetece enumerar mais, se quiserem procurem, têm essa liberdade, não vos posso obrigar a limitarem-se àquilo que vos é dado). Para além disso, acrescentam-se novos propósitos ao senhor castanho, como o da indústria do papel da Indonésia, na qual serve de matéria-prima. E para terem uma (ainda maior) noção do fascinante mundo do cagalhão, existem hambúrgueres produzidos a partir de cocó, não é maravilhoso? E se isto não é suficiente para vos convencer de que o excremento veio para ficar, desde já fiquem a saber que existe uma ciência que estuda precisamente este fenómeno cheio de potencial, a Coprologia, cujos praticantes estabeleceram inclusivamente uma escala de classificação de fezes (Escala de Meyers). E se é alvo de estudo científico, tem de ser importante não é?
E é precisamente por isso que considero ser de fulcral importância pensarmos (com tempo, pois isto não é assunto para ser tratado com leviandade) sobre a nossa saúde e do próximo, tendo a delicadeza de inserir, no rotineiro discurso de bons dias, a frase: “como está o teu trânsito/flora intestinal?” (novamente sou permissivo para convosco). E falando de ritos sociais, um último facto sobre a temática: existe uma rede social, de origem alemã, cujo propósito último é o esclarecimento e intercâmbio de conhecimento quanto aos produtos de excreção de cada um. Se estiverem interessados em se inserir, deixo o link http://my.microbes.eu/. Basta doarem dois mil euros, inscreverem-se, mandar um cocozito pelo correio et voilá.
E pronto, tendo acabado de falar deste tema de merda (trocadilhos), deixo-vos com as vossas reflexões… Talvez um dia volte para escrever sobre outro tema igualmente cativante, mas só o tempo o dirá, e desde já agradeço o tempo despendido na leitura desta minha diarreia cerebral, e deixo-vos dois pedidos: 1º - não menosprezem o fruto de tão árduo trabalho metabólico do vosso organismo, oiçam o que ele tem para dizer a cada um… E 2º - não deixem de seguir o pseudo-presságio por tamanha insurreição da minha parte contra o nível de qualidade literária estabelecido. Se não são os usuais devoradores vorazes do profundo conhecimento da metafísica da vida que este blog derrama sobre vós, então aconselho a tornarem-se em tal, pois é um blog muito jeitoso, isento de clamídia.
[Samuel Marques]

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Agrura


      Sejam bem-vindos de volta, hoje sinto-me no dever de partilhar uma opinião pessoal com o leitor.

   Não posso deixar de reparar, que a sociedade tem andado mergulhada num profundo desalento,  decepção, depressão, melancolia, agonia e crise… Crise, essa palavra que aflige almas e corações. Um dos  principais problemas é a falta de interpretação e compreensão por parte das pessoas, em relação à crise. Ainda temos aquela esperança, que daqui a uns anos tudo voltará a ser como era. Mas não, isso é incorrecto e ultrapassa a ideia de utopia. Uma crise é uma mudança e devemos estar cientes disso mesmo, pouco voltará a ser como antes. Cabe a nós mesmos acompanhar essa mudança.
        É nos momentos de crise, seja ela qual for, que a divindade surge. A nossa melhor luz só brilha quando atingimos a obscuridade, a luz que emerge das trevas tem uma beleza e claridade ímpares. A dor da depressão, o sofrimento tem de ser usada como vitamina para provarmos a nossa existência, num mundo cada vez mais caótico. É necessário inaugurar paulatinamente a nossa aurora intelectual. Transformar os pensamentos negativos em energias puras, emoções livres de preconceitos. Acima de tudo, a nossa vida precisa de motivação e ambição. Não podemos cair no desalento, se o corpo manifestar a mesma atitude durante muito tempo, a mente começa adotá-la.
     Ao longo dos tempos podemos concluir que as pessoas ultramotivadas foram frequentemente afligidas por um profundo sentido de perigo existencial. Os historiadores há muito notaram que uma espantosa percentagem de grandes escritores, músicos, artistas, líderes experimentaram o abandono, a morte, a devassidão, a crise existencial. A lista inclui George Washington, Jefferson, Hamilton, Lincoln, Hitler, Gandhi, Estaline. Temos também o exemplo de Bethoven surdo e um portador daquela dramática doença: coração partido. Como podem ver, não há falta de exemplos.
      As pessoas altamente ambiciosas possuem, muitas vezes, um talento precoce que lhes dá a sensação e a paixão pela distinção. Não tem de ser um grande talento – talvez fossem os melhores oradores da turma do 5º ano, talvez estivessem entre os melhores matemáticos da sua terra. Mas era suficiente para que a realização pessoal se tornasse um grão da sua identidade. As pessoas ambiciosas têm frequentemente uma visão mais nobre do que talvez possam alcançar. 
   E é nestes momentos que devemos amar a nós próprios, e por em prática as nossas virtudes, quem o consegue fazer facilmente atinge o sucesso e a plenitude.
   
   Tudo começa quando ainda somos crianças, cabe a cada pai, ou tutor, saber começar a impingir estas ideias no subconsciente de uma criança. Uma criança de nove anos não precisa de ter um iPhone, ela precisa de ser amada.
   
    E se encurtássemos a frieza? Não seria tudo muito mais fácil, caloroso e intenso? A beleza única e o sentimento de segurança e conforto, que deve ser para uma criança ver os seus pais brincarem como se de dois pobres adolescentes e apaixonados se tratassem.
   Vivemos numa sociedade moderna muda e profundamente egoísta. Há uma imensa falta de trocas e experiências existenciais. Tanto o diálogo interpessoal, como o autodiálogo estão empobrecidos. Se repararem, um mendigo estabelece mais facilmente uma relação interpessoal afectiva, pois não tem preconceitos socioculturais, não precisa de ostentar um status ou provar o quer que seja a alguém.
     Muitos apenas querem subir aos palcos para serem aplaudidos, mas poucos querem ensaiar… Parecem artistas de fim-de-semana. Outros, autoproclamam-se de Deus. Só para ter aquele sentimento de ver os outros ajoelharem-se aos seus pés. Mas tudo isto não passa de uma ilusão, no final estas pessoas acabam na solidão e no sofrimento. Somente, porque umas pequenas moedas de ouros e o sucesso a curto prazo lhe criam uma cegueira nefasta, que as afasta do verdadeiro significado da vida, do amor e do seu trabalho.
    
    A festa, o faz-de-conta, os encontros, as aventuras, desventuras, os dramas, os mistérios, o trabalho, os enganos, as tentativas e o romancismo ainda não acabaram. Mas daqui em diante, há que aproveitar a fugacidade da vida, há que renascer nas outras pessoas, partilhar, deixar desbundar o espírito inquieto e provocador, caminhar nos terrenos que apenas são explorados por românticos e acima de tudo partilhar, despertar as mentes, comer a estrutura social, exaltar o indivíduo e a sua subjectividade.

domingo, 7 de abril de 2013

Química da Vida


   Estava aqui sentado ao meu altar de mármore branco italiano, quando me coloquei a pensar, sim eu uma vez por semana faço o exercício de pensar por 10 minutos. E cheguei à conclusão que sou um estudante de Ciências Farmacêuticas e no entanto nunca escrevi um texto correlacionado com a minha área, estranho…   Bom por isso, vou tentar mostrar aos possíveis leitores, que a química não é assim tão aborrecida e até pode ser interessante. Pois existe muita química escondida no nosso dia-a-dia.

    Se existe substância química no mundo merecedora de uma palma de ouro por parte do ser Humano, essa substância é a dopamina. Este texto será uma pseudo-Ode à dopamina.
   A dopamina é um neurotransmissor monoaminérgico, ela está envolvida no controle de movimentos, aprendizagem, humor, emoções, cognição, sono e memória. É uma substancia com função estimulante do sistema nervoso central. Uma desregulação da dopamina pode levar ao aparecimento de doenças como o Parkinson ou Esquizofrenia.
    Vamos agora viajar até Àfrica, onde tudo terá começado há uns milhões de anos. Andavam os nossos antepassados nas árvores, comendo folhas e frutos, quando o clima mudou. Claro, sequencialmente e ao longo de milhares de anos. Mas tudo começou com uma mudança de clima, este promoveu a desertificação e, por causa disso, os habitantes das àrvores viram-se forçados a descer e procurar novas formas de alimentação e de sobrevivência. Terão começado a comer raízes tuberculosas, o que lhes aumentou o teor de hidratos de carbono na dieta. Depois começaram alimentar-se de pequenos animais, passando de seguida animais maiores, houve uma mudança alimentar, ficando definitivamente omnívoros. Esta mudança provocou múltiplas alterações na estrutura do corpo e nos hábitos destas sociedades. No sangue passaram a circular novas substâncias provenientes desta nova dieta, uma delas foi: a tirosina, o percursor da dopamina. Esta teve uma extrema importância naquilo que somos hoje, e talvez se não existisse a dopamina provavelmente eu não estaria aqui a escrever este texto e o leitor não teria a honra de o estar a ler confortavelmente em casa. Porque estas substâncias foram essenciais para o desenvolvimento da postura erecta, o domínio dos membros inferiores, para a deslocação e a libertação das mãos uma importantíssima ferramenta que permitiu desenvolver outras competências.
    A dopamina está também relacionada com um complexo fenómeno neurobiológico denominado AMOR, baseado em atividades cerebrais que incluem o desejo, confiança, o prazer e a recompensa. Este é envolvido por uma série de mensageiros químicos, na verdade quando duas pessoas estão apaixonadas existe mesmo química entre elas. Um dos compostos químicos que afecta diretamente o nosso comportamento no amor é a nossa amiga dopamina. A dopamina é a substância que nos faz sentir felizes, realizados, preenchidos e até um pouco tolos.
   Outra presença da dopamina no nosso dia-a-dia é nos vícios, por exemplo o tabaco. Infelizmente, a dopamina é a susbtância, que tem uma grande quota-parte na dificuldade de deixar de fumar e nos sintomas de irritabilidade ligados ao tabaco. O tabaco é rico em nicotina, essa substância estimula a produção de dopamina, a mediadora química que ativa os centros de prazer do cérebro. Sem a nicotina, o cérebro recebe menos dopamina. Para compensar, o organismo produz mais noradrenalina. Uma substância responsável pelo nervosismo e irritabilidade que se sentem quando alguém pára de fumar.
    E é desta forma, que quero dar um muito obrigado a dopamina, por aquilo que ela é e por aquilo que ela nos tem feito ao longo destes anos. Tem os seus altos e baixos, tanto é a substância que nos faz estar irritados,  como é a substância que nos faz sentir realizados e preenchidos Esteve connosco desde o princípio e connosco morrerá, uma verdadeira companheira para a vida.