Olá caros
amigos e amigas (a nossa bela história dura há já algum tempo, tanto tempo que
roça o estatuto de epopeia e por isso julgo ser adequado tratar o leitor (ou
leitores, com sorte) com uma outra afabilidade à qual não, de todo, habituados).
Sendo vós assíduos seguidores (reparem na posição positiva tomada por eu), irão
aperceber-se que não é o pseudo-presságio o autor desta colocação (não percebo
o porquê do nome, podia chamar se Martim ou José mas enfim), contudo faço votos
de que gostem em igual proporção.
Pois bem,
agora que está feita a introdução, gostaria de chamar a atenção para um aspeto
um tanto quanto curioso: fezes. Sim, pode soar ridículo, mas sim, fezes,
excrementos, cocó, merda, escória, individualidades concretas (piada fácil),
que no fundo são uma parte da nossa vida à qual não damos o devido valor.
Desde muito
cedo que a Humanidade se apercebeu de que a matéria pútrida resulta muito bem
como fertilizante, otimizando exponencialmente os métodos e produtividade
agrícolas. Por outro lado, os antigos (povo sábio esse) utilizavam o designado
“Album graecum”, ou em língua de gente, cocó de cão, seco para o tratamento de
feridas e, com o auxilio de mel, de inflamações respiratórias sob a forma de
uma infusão, que é o mesmo que dizer, chá de fezes de cão, e mel. Espantoso não
é?
Agora,
efetuando um salto espacio-temporal no tempo e no espaço, chegámos à
atualidade. As fezes ocupam um lugar muito importante na sociedade atual: o seu
papel na agricultura mantém-se, e na saúde a análise de fezes é já um
criterioso e eficiente método de rastreio de doenças como o cancro do cólon,
bem como tantas outras (não me apetece enumerar mais, se quiserem procurem, têm
essa liberdade, não vos posso obrigar a limitarem-se àquilo que vos é dado).
Para além disso, acrescentam-se novos propósitos ao senhor castanho, como o da
indústria do papel da Indonésia, na qual serve de matéria-prima. E para terem
uma (ainda maior) noção do fascinante mundo do cagalhão, existem hambúrgueres
produzidos a partir de cocó, não é maravilhoso? E se isto não é suficiente para
vos convencer de que o excremento veio para ficar, desde já fiquem a saber que
existe uma ciência que estuda precisamente este fenómeno cheio de potencial, a
Coprologia, cujos praticantes estabeleceram inclusivamente uma escala de
classificação de fezes (Escala de Meyers). E se é alvo de estudo científico,
tem de ser importante não é?
E é
precisamente por isso que considero ser de fulcral importância pensarmos (com
tempo, pois isto não é assunto para ser tratado com leviandade) sobre a nossa
saúde e do próximo, tendo a delicadeza de inserir, no rotineiro discurso de
bons dias, a frase: “como está o teu trânsito/flora intestinal?” (novamente sou
permissivo para convosco). E falando de ritos sociais, um último facto sobre a
temática: existe uma rede social, de origem alemã, cujo propósito último é o
esclarecimento e intercâmbio de conhecimento quanto aos produtos de excreção de
cada um. Se estiverem interessados em se inserir, deixo o link http://my.microbes.eu/. Basta doarem dois mil
euros, inscreverem-se, mandar um cocozito pelo correio et voilá.
E pronto,
tendo acabado de falar deste tema de merda (trocadilhos), deixo-vos com as
vossas reflexões… Talvez um dia volte para escrever sobre outro tema igualmente
cativante, mas só o tempo o dirá, e desde já agradeço o tempo despendido na
leitura desta minha diarreia cerebral, e deixo-vos dois pedidos: 1º - não
menosprezem o fruto de tão árduo trabalho metabólico do vosso organismo, oiçam
o que ele tem para dizer a cada um… E 2º - não deixem de seguir o
pseudo-presságio por tamanha insurreição da minha parte contra o nível de
qualidade literária estabelecido. Se não são os usuais devoradores vorazes do
profundo conhecimento da metafísica da vida que este blog derrama sobre vós,
então aconselho a tornarem-se em tal, pois é um blog muito jeitoso, isento de
clamídia.
[Samuel Marques]
Isto é claramente um vasilhame de fezes, no bom sentido.
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