sexta-feira, 12 de abril de 2013

Agrura


      Sejam bem-vindos de volta, hoje sinto-me no dever de partilhar uma opinião pessoal com o leitor.

   Não posso deixar de reparar, que a sociedade tem andado mergulhada num profundo desalento,  decepção, depressão, melancolia, agonia e crise… Crise, essa palavra que aflige almas e corações. Um dos  principais problemas é a falta de interpretação e compreensão por parte das pessoas, em relação à crise. Ainda temos aquela esperança, que daqui a uns anos tudo voltará a ser como era. Mas não, isso é incorrecto e ultrapassa a ideia de utopia. Uma crise é uma mudança e devemos estar cientes disso mesmo, pouco voltará a ser como antes. Cabe a nós mesmos acompanhar essa mudança.
        É nos momentos de crise, seja ela qual for, que a divindade surge. A nossa melhor luz só brilha quando atingimos a obscuridade, a luz que emerge das trevas tem uma beleza e claridade ímpares. A dor da depressão, o sofrimento tem de ser usada como vitamina para provarmos a nossa existência, num mundo cada vez mais caótico. É necessário inaugurar paulatinamente a nossa aurora intelectual. Transformar os pensamentos negativos em energias puras, emoções livres de preconceitos. Acima de tudo, a nossa vida precisa de motivação e ambição. Não podemos cair no desalento, se o corpo manifestar a mesma atitude durante muito tempo, a mente começa adotá-la.
     Ao longo dos tempos podemos concluir que as pessoas ultramotivadas foram frequentemente afligidas por um profundo sentido de perigo existencial. Os historiadores há muito notaram que uma espantosa percentagem de grandes escritores, músicos, artistas, líderes experimentaram o abandono, a morte, a devassidão, a crise existencial. A lista inclui George Washington, Jefferson, Hamilton, Lincoln, Hitler, Gandhi, Estaline. Temos também o exemplo de Bethoven surdo e um portador daquela dramática doença: coração partido. Como podem ver, não há falta de exemplos.
      As pessoas altamente ambiciosas possuem, muitas vezes, um talento precoce que lhes dá a sensação e a paixão pela distinção. Não tem de ser um grande talento – talvez fossem os melhores oradores da turma do 5º ano, talvez estivessem entre os melhores matemáticos da sua terra. Mas era suficiente para que a realização pessoal se tornasse um grão da sua identidade. As pessoas ambiciosas têm frequentemente uma visão mais nobre do que talvez possam alcançar. 
   E é nestes momentos que devemos amar a nós próprios, e por em prática as nossas virtudes, quem o consegue fazer facilmente atinge o sucesso e a plenitude.
   
   Tudo começa quando ainda somos crianças, cabe a cada pai, ou tutor, saber começar a impingir estas ideias no subconsciente de uma criança. Uma criança de nove anos não precisa de ter um iPhone, ela precisa de ser amada.
   
    E se encurtássemos a frieza? Não seria tudo muito mais fácil, caloroso e intenso? A beleza única e o sentimento de segurança e conforto, que deve ser para uma criança ver os seus pais brincarem como se de dois pobres adolescentes e apaixonados se tratassem.
   Vivemos numa sociedade moderna muda e profundamente egoísta. Há uma imensa falta de trocas e experiências existenciais. Tanto o diálogo interpessoal, como o autodiálogo estão empobrecidos. Se repararem, um mendigo estabelece mais facilmente uma relação interpessoal afectiva, pois não tem preconceitos socioculturais, não precisa de ostentar um status ou provar o quer que seja a alguém.
     Muitos apenas querem subir aos palcos para serem aplaudidos, mas poucos querem ensaiar… Parecem artistas de fim-de-semana. Outros, autoproclamam-se de Deus. Só para ter aquele sentimento de ver os outros ajoelharem-se aos seus pés. Mas tudo isto não passa de uma ilusão, no final estas pessoas acabam na solidão e no sofrimento. Somente, porque umas pequenas moedas de ouros e o sucesso a curto prazo lhe criam uma cegueira nefasta, que as afasta do verdadeiro significado da vida, do amor e do seu trabalho.
    
    A festa, o faz-de-conta, os encontros, as aventuras, desventuras, os dramas, os mistérios, o trabalho, os enganos, as tentativas e o romancismo ainda não acabaram. Mas daqui em diante, há que aproveitar a fugacidade da vida, há que renascer nas outras pessoas, partilhar, deixar desbundar o espírito inquieto e provocador, caminhar nos terrenos que apenas são explorados por românticos e acima de tudo partilhar, despertar as mentes, comer a estrutura social, exaltar o indivíduo e a sua subjectividade.

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