domingo, 26 de maio de 2013

"Sociedade" o cliché que é giro "clichar"

    Vivemos numa sociedade disfuncional e fictícia... Uma sociedade investida de felicidade irreal, camuflada de aposentos. Andamos a fingir a felicidade adquirindo bens materiais.... Porquê? São mais fáceis de alcançar, não é preciso dar uso à intelectualidade, não é necessário fomentar relações, não é preciso rever escolhas e reconhecer equívocos, não é necessário uma identidade, uma personalidade, não é necessário romper paradigmas sociais... basta escolher o bem, pagar e sair calado... Enquanto um sentimento de felicidade, realização e confiança nos agiganta o ego com adornos gélidos que pouco acrescentam à verdadeira felicidade, sentimento apimentado pela refinada vitamina fútil.
    Chegam a existir pessoas neste mundo tão pobres... Mas tão pobres que a única coisa que têm na sua posse é dinheiro.
    Uns aumentam o volume da TV para que nada ameace o frágil equilíbrio disfuncional doméstico. Outros preferem viver no medo, na dúvida, medo de serem julgados aos olhos de uma sociedade doente... Medo de não conseguirem atingir o estereótipo que a sociedade exige de si. Outros vivem atormentados porque  deixam que o dinheiro corrompa o seu amor a um ofício que ambicionam desde criança. São forçados a seguir caminhos que os acabam por levar a uma rua sem saída... Nesse momento entram em desespero, revoltam-se, perdem o amor à vida, sentem-se frustrados, questionam o porquê de não conseguir atingir o que os outros atingiram. Sem nunca questionar que provavelmente não tinham aptidões para tal ramo...Apenas foram uns infelizes que se deixaram apanhar na onda do "tu um dia tens de ser isto"...
     O sistema académico encontra-se excessivamente organizado, institucionalizado e preocupado com a transmissibilidade unificada de conhecimento. Essas atitudes limitam a formação de pensadores. As grandes ideias surgiram a partir do caos intelectual. Todos os que contribuíram para a expansão da ciência e das ideias humanistas romperam com os paradigmas intelectuais. Experimentaram motins intelectuais, despejaram sem receios a sua tralha intelectual.
Vejo que as sociedades modernas são mudas... Há uma imensa falta de troca de experiências existências e de cooperação mutua... Parece que ajudar um desconhecido ou falar para um desconhecido é um crime aos olhos de quem passa na rua... Um mendigo estabelece mais facilmente uma relação interpessoal afectiva, pois não tem preconceitos socioculturais, não precisa de ostentar um status social ou provar o quer que seja alguém.         Achamos-nos muito inteligentes e cultos mas a ignorância é a mãe do preconceito e atualmente vivemos impregnados no preconceito...
   Vejo essas pessoas que ainda perdem muito da vida porque deixam que algumas moedas de ouro lhes criem uma cegueira nefasta, que as afasta do verdadeiro significado da vida e do seu trabalho... Olhem para eles, só querem subir ao palco para serem aplaudidos, mas poucos querem ensaiar... São artistas de fim-de-semana e autoproclamam-se de deuses, devido ao seu sucesso a curto prazo. Os jovens que se estão a lançar no mercado de trabalho esperam ter nesse mercado uma continuação das suas casas, onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente que tudo lhe concederia…
   A melancolia começa a invadir almas e corações e as pessoas questionam-se porquê? Bem, aparentemente estamos a tornar-nos num curto-circuito fechado que se auto perpetua mutuamente... E parece que não vamos acordar tão cedo. Estamos mergulhados na nossa insignificância.

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