Foi já no dia 5 de Maio, mas como eu sofro um bocado de preguiça, só agora é que escrevi o testemunho.
Acabados de editar o álbum “coexist”, The XX orgulham-se de apresentar o "Lisbon Night and Day", o maior e mais ambicioso evento criado pela banda até à
data. Lisboa foi a primeira das três cidades anfitriãs do festival, segue-se
Berlim e Osterley park, junto a Londres. O Jardim da Torre de Belém foi o local
eleito para a ocasião «We searched high and low for a unique and beautiful
locations» e realmente o trio Britânico não podia ter escolhido melhor, o rio
tejo como pano de fundo e a Torre de Belém a estabelecer o limite entre terra e
mar tornaram-se adornos essenciais na calorosa tarde de Maio. Estavam reunidas
as condições para ser um Festival memorável, agora faltava as performances
culminarem com a paisagem.
O conceito era simples, o já clássico recinto de Festival, com zona de
restauração, casa de banho e dois palcos. A banda procurou convidar para o
festival artistas que a banda respeita e admira “The XX e amigos” e não podia
ser mais verdade, pois quem ouviu atentamente a atuação de John Talabot e
Chromatics facilmente percebeu que são bandas muito próximas dos The XX, como
se de parentes se tratassem. A comitiva Lusa também esteve presente: Kalaf, e
os Paus que, depois da experiencia no Alive, voltaram animar com a sua máquina rítmica o Sunset, cortando o
pouco o ambiente “XXiano” que pairava em Belém. No palco principal atuaram
nomes como “Mount Kimbie”, “John Talabot”, “Chromatics” e os anfitriões “The
XX”. Estes concertos no palco principal iam alterando com sessões de mixagem no
DJ Stand, “tempos mortos” foi algo que não existiu no Festival, um coreto
localizado no centro do recinto com Dj´s Set onde passaram nomes como: Xinobi,
Jamie XX – o homem sombra dos The XX ou Kim ann foxman – uma DJ Nova-iorquina
que já contracenou com os Hercules & Love Affair. Com o cair da noite a
paisagem ia se desvanecendo e ia dando lugar ao obscuro, introspectivo e à magia
negra que se começava a fazer sentir no palco principal.
Mount Kimbie, o duo
britânico composto por Dominic Maker e Kai Campos, apresentaram a sua imponente
electrónica. Fazendo do palco um autêntico laboratório. Uma música repleta de
paradoxos e mudanças abruptas. Seguiu-se o espanhol John Talabot, acompanhado pelo conterrâneo Pional, foi responsável
por uma tremenda sessão de house a céu aberto. Com a característica percussão
digital e um festival de vozes que transformaram algumas faixas em auntenticos
hinos pop, e outras em cantos tribais. Chromatics
atuaram sensivelmente pelas 21h uma atuação que se centrou no recente
trabalho “Kill for Love”, um som muito dado à introspecção e ao obscuro.
Finalmente chegaram ao palco os tão aguardados The XX, ofereceram aos fãs um concerto assombroso e arrepiante,
auxiliados por uma qualidade de som digna de 5 estrelas. Depois de um primeiro
disco onde o minimalismo foi levado ao limite, “coexist” abria a janela para um
mundo mais ritmado e dançante, durante o concerto houve momentos
verdadeiramente dançáveis. Atiraram-se com os temas «Heart skipped a Beat» e «
Crystalized», recheados de minimalismo e profundidade. Foi nas músicas mais
antigas que as ovações mais se fizeram ouvir. «Shelter» foi vítima de
improvisações, de ataques inconscientes por parte da Romy, Oliver e Jamie,
fazendo nascer sons e ritmos do silêncio. O encore contou com o «Intro» e «Angels»
investidos de energia e robustez. Romy croft e Oliver Sim echem o palco de
negro enquanto, que Jamie Smith ou Jamie XX – lá do seu altar de percussão vai
enchendo os sons provenientes de uma magnetizante guitarra e do corpulento
baixo com o seu ritmo, marcando cada compasso. O som dos The XX era acompanhado
por um jogo de luzes, tornando-se numa perfeita harmonia de som e luz ombreando
com a aurora boreal. Os agradecimentos e palavras de carinho ao público foram
uma constante: “há mais de um ano a tentar fazer isto acontecer… Um sonho
tornado realidade”. Parece que Romy perdeu o medo de cantar e Jamie está cada
vez mais habilidoso na sua maquinaria, havendo mesmo uma fusão entre o homem, a
máquina e o ritmo. Foi num cenário já nostálgico e escuro que The XX
abandonaram o palco, deixando nos rostos dos fãs um sentimento de satisfação.
Para os mais resistentes ainda
houve tempo para curtir o resto da noite ao som de James Murphy, o antigo
mentor dos LCD Sound System. Enquanto outros abandonavam o recinto e aguardavam impacientemente um táxi.
E foi assim que terminou o Night and Day em Lisboa, esperamos uma réplica para breve.
E foi assim que terminou o Night and Day em Lisboa, esperamos uma réplica para breve.
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