terça-feira, 7 de maio de 2013

The XX Lisboa Night + Day


 Foi já no dia 5 de Maio, mas como eu sofro um bocado de preguiça, só agora é que escrevi o testemunho.

 Acabados de editar o álbum “coexist”, The XX orgulham-se de apresentar o "Lisbon Night and Day", o maior e mais ambicioso evento criado pela banda até à data. Lisboa foi a primeira das três cidades anfitriãs do festival, segue-se Berlim e Osterley park, junto a Londres. O Jardim da Torre de Belém foi o local eleito para a ocasião «We searched high and low for a unique and beautiful locations» e realmente o trio Britânico não podia ter escolhido melhor, o rio tejo como pano de fundo e a Torre de Belém a estabelecer o limite entre terra e mar tornaram-se adornos essenciais na calorosa tarde de Maio. Estavam reunidas as condições para ser um Festival memorável, agora faltava as performances culminarem com a paisagem.
   O conceito era simples, o já clássico recinto de Festival, com zona de restauração, casa de banho e dois palcos. A banda procurou convidar para o festival artistas que a banda respeita e admira “The XX e amigos” e não podia ser mais verdade, pois quem ouviu atentamente a atuação de John Talabot e Chromatics facilmente percebeu que são bandas muito próximas dos The XX, como se de parentes se tratassem. A comitiva Lusa também esteve presente: Kalaf, e os Paus que, depois da experiencia no Alive, voltaram animar com a sua máquina rítmica o Sunset, cortando o pouco o ambiente “XXiano” que pairava em Belém. No palco principal atuaram nomes como “Mount Kimbie”, “John Talabot”, “Chromatics” e os anfitriões “The XX”. Estes concertos no palco principal iam alterando com sessões de mixagem no DJ Stand, “tempos mortos” foi algo que não existiu no Festival, um coreto localizado no centro do recinto com Dj´s Set onde passaram nomes como: Xinobi, Jamie XX – o homem sombra dos The XX ou Kim ann foxman – uma DJ Nova-iorquina que já contracenou com os Hercules & Love Affair. Com o cair da noite a paisagem ia se desvanecendo e ia dando lugar ao obscuro, introspectivo e à magia negra que se começava a fazer sentir no palco principal.
  Mount Kimbie, o duo britânico composto por Dominic Maker e Kai Campos, apresentaram a sua imponente electrónica. Fazendo do palco um autêntico laboratório. Uma música repleta de paradoxos e mudanças abruptas. Seguiu-se o espanhol John Talabot, acompanhado pelo conterrâneo Pional, foi responsável por uma tremenda sessão de house a céu aberto. Com a característica percussão digital e um festival de vozes que transformaram algumas faixas em auntenticos hinos pop, e outras em cantos tribais. Chromatics atuaram sensivelmente pelas 21h uma atuação que se centrou no recente trabalho “Kill for Love”, um som muito dado à introspecção e ao obscuro.
  Finalmente chegaram ao palco os tão aguardados The XX, ofereceram aos fãs um concerto assombroso e arrepiante, auxiliados por uma qualidade de som digna de 5 estrelas. Depois de um primeiro disco onde o minimalismo foi levado ao limite, “coexist” abria a janela para um mundo mais ritmado e dançante, durante o concerto houve momentos verdadeiramente dançáveis. Atiraram-se com os temas «Heart skipped a Beat» e « Crystalized», recheados de minimalismo e profundidade. Foi nas músicas mais antigas que as ovações mais se fizeram ouvir. «Shelter» foi vítima de improvisações, de ataques inconscientes por parte da Romy, Oliver e Jamie, fazendo nascer sons e ritmos do silêncio. O encore contou com o «Intro» e «Angels» investidos de energia e robustez. Romy croft e Oliver Sim echem o palco de negro enquanto, que Jamie Smith ou Jamie XX – lá do seu altar de percussão vai enchendo os sons provenientes de uma magnetizante guitarra e do corpulento baixo com o seu ritmo, marcando cada compasso. O som dos The XX era acompanhado por um jogo de luzes, tornando-se numa perfeita harmonia de som e luz ombreando com a aurora boreal. Os agradecimentos e palavras de carinho ao público foram uma constante: “há mais de um ano a tentar fazer isto acontecer… Um sonho tornado realidade”. Parece que Romy perdeu o medo de cantar e Jamie está cada vez mais habilidoso na sua maquinaria, havendo mesmo uma fusão entre o homem, a máquina e o ritmo. Foi num cenário já nostálgico e escuro que The XX abandonaram o palco, deixando nos rostos dos fãs um sentimento de satisfação.
  Para os mais resistentes ainda houve tempo para curtir o resto da noite ao som de James Murphy, o antigo mentor dos LCD Sound System. Enquanto outros abandonavam o recinto e aguardavam impacientemente um táxi.

 E foi assim que terminou o Night and Day em Lisboa, esperamos uma réplica para breve.

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