sexta-feira, 15 de março de 2013

Desplante


  A atualidade prega-nos partidas destas. Mesmo a atualidade portuguesa, que quase nunca é tão atual como a atualidade que desenvolve a sua atividade lá fora. Um cidadão vive descansado, convencido que se encontra na chamada silly season. 
  O que é curioso e desnorteante é que estamos num claro e inigualável impasse, enquanto Portugueses. Todos os dias parece que assistimos à devastação da nossa identidade cultural, passando esta para segundo plano no pesadelo “ideológico” de medidas políticas e económicas, convocadas para salvar o país de um infortúnio iminente. Isto enquanto se expulsam todos aqueles capazes e dispostos a realizá-lo.
  O valor da metalinguagem vai-se… Assim como a galvanização e a tertúlia. Dando lugar a um desalento permanente, que nos impede de criar e produzir.
  Estamos a ficar moralizados com este mundo mastigado. É necessário despertar as mentes criativas, a criatividade não é para chatos. É para quem tem personalidades inquietas, curiosas e insatisfeitas. Aqueles que são capazes de diluir as perceções sobre as tradicionais fronteiras sociais, donas do status social.
  Os fartos estão fartos e está na hora de erguer a razão e a cultura. Pelejando contra os mensageiros da luso tempestade.
  O presente está impregnado pela nostalgia da anunciada separação. Mas é ao recusar as lágrimas esperadas e as partidas insustentáveis que permitimos às emoções de todos os dias, que não são outra coisas se não uma simples e árida tristeza, que se imiscuam no coração de tudo pela força da persistência e desplanta a nossa criatividade… Deixarás de ser um produto do teu ambiente e o teu ambiente passará a ser um produto de ti mesmo.

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